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sábado, 14 de janeiro de 2012

A CANOA E O MESTRE



Por um instante foi necessário desapegar-me dos livros e das escrituras, de tudo o que eu aprendi e vivi. Como uma canoa a beira do rio eles me ajudaram a fazer a travessia. Mas, ao chegar no outro lado da margem do rio, a canoa não poderia ir comigo. Ela se tornaria um peso que não seria mais necessário no caminho.
Quando eu encontrei a minha canoa na beira do rio nela estava um mestre. Sentado, me esperando! O mestre me acompanhou na travessia. Com o mestre eu aprendi muito. E ao deixar a canoa foi preciso deixar também o mestre. Não é fácil deixar o mestre. O mestre esteve comigo em momentos de luz e também em momentos de sombra. Choramos e rimos juntos. Criamos um vínculo muito forte. Deixá-lo à beira do rio, com a canoa, após a travessia? Eu pensava ser muito injusto. O mestre poderia pular da canoa comigo e seguirmos juntos. Por que? Porque não seguirmos juntos?
Eu pulei da canoa! Quando olhei para trás o mestre permaneceu sentado. Eu o chamei! Mais do que em todos os outros momentos, o mestre ficou em silêncio e manteve o olhar entre o riso leve e a lágrima suave. Então, eu percebi! O olhar do mestre era o olhar daquele que sentia a dor da partida, mas que também celebrava o momento. O mestre compreendia que era chegado o momento. E era importante que eu compreendesse, aceitasse ir. Esta aceitação deveria acontecer em mim. Eu sabia! O mestre estava pronto para voltar à outra margem e fazer uma nova travessia com alguém que também necessitava. Ele amava fazer isto. Eu também sabia que ele não sairia dali enquanto eu não compreendesse e aceitasse que somente deixando-o ir seria possível o florescimento do meu mestre interior.
Em nossa vida acontece. Muitas vezes continuamos presos a pessoas, a situações, a um modo de vida que nos serviu até então, mas que não é mais necessário. Permanecer neste estado atrairá dificuldades e sofrimento. É preciso mudar e muitas vezes pode demorar para perceber e para ter coragem.
Vejam que o problema não é a canoa, as pessoas, a situação ou o modo de vida. Somos nós que ainda não conseguimos viver sem. Nos acostumamos, nos acomodamos. Quando isto acontece é importante que não se olhe para a canoa, para fora, mas para si mesmo. O que nos prende à canoa? Eu sei! É difícil desapegar-se. A canoa pode ser uma canoa muito bonita, linda, cheia de história, lembranças e recordações.
Vejam também que quando se chega no outro lado da margem do rio, quando um ciclo se encerra, não se trata de negar e abandonar a pessoa, a situação, ou o modo de vida em si. É verdade! Há circunstâncias em que uma pessoa se vai, em que uma situação se desfaz, em que há uma mudança profunda no nosso modo de viver. Porém, isto deve acontecer de forma natural como efeito da alquimia do ser e da evolução da alma a partir das circunstâncias. Não de forma precipitada. A precipitação e o sofrimento que ocorre em consequência só evidenciam que não estávamos prontos para a liberação. A mudança deve primeiro acontecer no interior, no nível da alma, para que, então, haja a liberação. A liberdade que até o último instante não conseguimos de forma lúcida perceber. Mas, só até o último instante.
Eu segui o caminho e o mestre se foi. A liberação aconteceu e eu ganhei um grande amigo.

10 comentários:

Anônimo disse...

MARIA JOSÉ:

"Em nossa vida acontece. Muitas vezes continuamos presos a pessoas, a situações que não é mais necessárias. Permanecer neste estado atrairá dificuldades e sofrimento. É preciso mudar e ter coragem. Somos nós que ainda não conseguimos viver sem. Nos acostumamos, nos acomodamos. Quando isto acontece é importante olhar-se para si mesmo.Quando um ciclo se encerra. Há circunstâncias em que uma pessoa se vai, em que uma situação se desfaz". Infelizmente amor, ainda existem pessoas que não entendem. Bjs. Roy Lacerda.

Maria Adeladia disse...

Maria José, parece que este texto foi feito especialmente para mim....!

Estou passando por um momento deste....!

E sinto que, é o momento certo! Ou escolher a vida, aproveitá-la mais, reestrurando-a, sendo autora dela, ou permaneço na mesma, sendo escrava das circunstâncias. Optei pela primeira opção, porque a vida é curta....e tenho muito ainda o que viver!
Este texto é um rico aprendizado!

Postei o mimo que vc presenteou-me! Desculpa-me o atraso, mas o tempo é pouco!

Beijos e fica com Deus, amiga adorável.

josenaide coelho disse...

Boa noite!texto muito bom...

Cidinha disse...

Olá, Maria. Somos presos as pessoas e muitas vezes vivemos a vida delas. Nos esquecemos que cada um tem que seguir sua vida. È preciso compriender e aceitar mudanças para o nosso bém e de quem amamos. Linda reflexção amiga! ótimo domingo pra vc e todo carinho. Bjos!

Carla Madeira disse...

Esse texto se aplica a várias circunstâncias em nossas vidas. Muito lindo ele. Um momento de desapego, superação, cresceminto, amadurecimento, nossa! Ver nossa trajetória e o quando andamos e crescemos.
Primeira vez q venho aqui e amei, espero q me visite tbm. Bjo

Amara Mourige disse...

Nossa!! Que maravilha de texto,bela reflexão!
Minha linda, um ótimo domingo.
Bjoss Amara

DE-PROPOSITO disse...

A liberdade que até o último
--------
A liberdade é complexa! Que liberdade terá aquele que quer um pedaço de pão e não tem.
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Felicidades
Manuel

Pelos caminhos da vida. disse...

Uma excelente reflexão, serviu para mim para esse momento que estou vivendo...

Bom domingo amiga!

beijooo.

NN disse...

Olá querida Zeze, como vai? Como sempre bons textos para começar a semana, minha querida muito obrigada pela visita e comentario la no nosso cantinho, fico muito feliz com suas palavras, saiba que tenho um carinho especial por vc. Tenha uma excelente semana, fique com Deus e um forte abraço!!

Anônimo disse...

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