Quem é você?
Do que você gosta?
Em que acredita?
O que deseja?
Dia e noite somos questionados e as respostas costumam ser
inteligentes, espirituosas e decentes.
Tudo para causar a melhor impressão aos nossos inquisidores.
Ora, quem sou eu!
Sou do bem, sou honesto, sou perseverantes, sou bem humorado, sou
aberto – não costumamos economizar atributos quando se trata da nossa própria
descrição.
Do que gostamos?
De coisas belas.
No que acreditamos?
Em dias melhores.
O que desejamos?
A Paz Universal.
Enquanto isso, o demônio dentro de nós, revira o estômago e faz cara de
nojo.
É muita santidade para um pobre-diabo, ninguém é tão imaculado assim!
A despeito do nosso inegável talento como divulgadores de nós mesmos e
da nossa falta de modéstia ao descrever nosso perfil no Orkut, a verdade é que
o que dizemos, não tem tanta importância.
Para saber quem somos, basta que se observe o que fizemos da nossa
vida. Os fatos revelam tudo, as atitudes confirmam.
O que você diz – com todo respeito – é apenas o que você diz!
Quantos amigos você manteve?
Em que consiste sua trajetória amorosa?
Como educou seus filhos?
Quanto houve de alegria no seu cotidiano?
Se ficou devendo dinheiro.
Como lidou com tentativas de corrupção?
Em que circunstâncias mentiu?
Como tratou empregados, balconistas, porteiros, garçons?
Que impressão causou nos outros – não naqueles que o conheceram por
cinco dias, mas com quem conviveu por vinte anos, ou mais?
Quantas pessoas magoou na vida?
Quantas vezes pediu perdão?
Quem vai sentir sua falta?
Pra valer! Vamos lá!
Podemos maquiar algumas respostas ou podemos silenciar sobre o que não
queremos que venha à tona. Inútil.
A soma dos nossos dias assinará este inventário. Fará um levantamento
honesto.
Cazuza já nos cutucava: “... suas ideias correspondem aos fatos?”
De novo: o que a gente diz, é apenas o que a gente diz.
Lá no finalzinho da vida que construímos é que se revelará o mais
eficiente detector de mentiras.
Entre a data do nosso nascimento e a desconhecida data da nossa morte,
acreditamos ainda estar no meio do percurso, então seguimos nos anunciando como
bons partidos, incrementando nossas façanhas, abusamos da retórica como se ela
fosse uma espécie de photoshop que pudesse sumir com nossos defeitos.
Mas é na reta final que nosso passado nos calará e responderá por nós.
Um comentário:
Verdade, no final, nossos atos e omissões falarão por nós!
Belo texto, obrigada, abraços carinhosos
Maria Teresa
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