Existem duas dores de amor:
A primeira é quando a relação termina e a gente,
seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro, com a sensação
de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva, já que ainda estamos tão
embrulhados na dor que não conseguimos ver luz no fim do túnel.
A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz
no fim do túnel.
A mais dilacerante é a dor física da falta de
beijos e abraços, a dor de virar desimportante para o ser amado. Mas, quando
esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida: a dor de abandonar o
amor que sentíamos. A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar
livre, sem sentimento especial por aquela pessoa. Dói também…
Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à
pessoa que o gerou. Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de
alguém. É que, sem se darem conta, não querem se desprender. Aquele amor, mesmo
não retribuído, tornou-se um souvenir, lembrança de uma época bonita que foi
vivida… Passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação à qual a gente
se apega. Faz parte de nós. Queremos, logicamente, voltar a ser alegres e
disponíveis, mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por
muito tempo, que de certa maneira entranhou-se na gente, e que só com muito
esforço é possível alforriar.
É uma dor mais amena, quase imperceptível. Talvez,
por isso, costuma durar mais do que a ‘dor-de-cotovelo’propriamente dita. É uma
dor que nos confunde. Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra. A
pessoa que nos deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que
sentíamos por ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos, que nos
colocava dentro das estatísticas: “Eu amo, logo existo”.
Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É
o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância,
mas que precisa também sair de dentro da gente… E só então a gente poderá amar,
de novo.
5 comentários:
Essa frase final é muito importante, só conseguimos amar novamente quando tiramos de dentro de nós o amor que já não faz parte de nossa vida. Muita paz!
oi minha amiga,
concordo plenamente:
quando nos despedimos de um amor,
estamos nos despedindo de nós mesmos,
mas passa...
tudo passa!!!
beijinhos
Ainda bem que somos infinitamente capazes de amar!!! Paz
ai ai ai.... quando o amor acaba, acaba tb um sonho.
Difícil, mas até mesmo a dor serve de aprendizado na vida.
bjokas =)
Excelente texto e verdadeiro.
É bem difícil passar por isso, mas nada como um dia após o outro... e com certeza só há um jeito de fazer a vida seguir...é deixar ir o que foi... e abrir espaço para o que possa vir a ser...
Feliz Páscoa querida, beijos,
Valéria
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