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quarta-feira, 16 de abril de 2014

DESPEDIDA



Existem duas dores de amor:
A primeira é quando a relação termina e a gente, seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro, com a sensação de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva, já que ainda estamos tão embrulhados na dor que não conseguimos ver luz no fim do túnel.
A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel.
A mais dilacerante é a dor física da falta de beijos e abraços, a dor de virar desimportante para o ser amado. Mas, quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida: a dor de abandonar o amor que sentíamos. A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre, sem sentimento especial por aquela pessoa. Dói também…
Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou. Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém. É que, sem se darem conta, não querem se desprender. Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir, lembrança de uma época bonita que foi vivida… Passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação à qual a gente se apega. Faz parte de nós. Queremos, logicamente, voltar a ser alegres e disponíveis, mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo, que de certa maneira entranhou-se na gente, e que só com muito esforço é possível alforriar.
É uma dor mais amena, quase imperceptível. Talvez, por isso, costuma durar mais do que a ‘dor-de-cotovelo’propriamente dita. É uma dor que nos confunde. Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra. A pessoa que nos deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos, que nos colocava dentro das estatísticas: “Eu amo, logo existo”.
Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro da gente… E só então a gente poderá amar, de novo.

5 comentários:

Denise Carreiro disse...

Essa frase final é muito importante, só conseguimos amar novamente quando tiramos de dentro de nós o amor que já não faz parte de nossa vida. Muita paz!

Rô... disse...

oi minha amiga,

concordo plenamente:
quando nos despedimos de um amor,
estamos nos despedindo de nós mesmos,
mas passa...
tudo passa!!!

beijinhos

Unknown disse...

Ainda bem que somos infinitamente capazes de amar!!! Paz

Bell disse...

ai ai ai.... quando o amor acaba, acaba tb um sonho.
Difícil, mas até mesmo a dor serve de aprendizado na vida.

bjokas =)

ValériaC disse...

Excelente texto e verdadeiro.

É bem difícil passar por isso, mas nada como um dia após o outro... e com certeza só há um jeito de fazer a vida seguir...é deixar ir o que foi... e abrir espaço para o que possa vir a ser...

Feliz Páscoa querida, beijos,
Valéria