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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

AS PORTAS DO CORAÇÃO




Acho que ninguém passa a vida como uma folha em branco, sem escritos, sem rabiscos. Tudo vai sendo escrito na alma, os momentos vão sendo registrados, misturando o que foi com o que deixou de ser, as grandes expectativas com as grandes decepções.
Cada página virada traz as marcas das que passaram e com o tempo vamos aprendendo a prudência nas relações.
Quando somos jovens é diferente, pois a esperança é tão eterna quanto o amor que toma conta da gente. Mas os anos nos trazem a vivência, a desconfiança e a memória das coisas que nos fizeram mal.
Se na juventude nos jogamos de cara a cada nova oportunidade, mais tarde aprendemos a caminhar lentamente, olhar de longe, tentar reconhecer os riscos e buscar garantias. Essas mesmas garantias que só são assinadas depois, bem depois, caso existam.
A vida não nos abandona e as oportunidades vão surgindo. Mas, com elas as feridas que se reabrem, que revivem e fechamos os olhos a, talvez, belos instantes de felicidade plena e eterna.
Não sabemos! Não podemos saber! As pessoas não são iguais, mas tão parecidas! Não queremos sonhar de novo e cair de novo, chorar de novo e parecer tolos aos olhos dos outros... preferimos fechar as portas do coração e olhar pela fresta, imaginar o que teria sido se tivéssemos, pelo menos, tentado...
Queremos sempre o amor, nunca a dor que dele resulta. Queremos o mel, a alegria e até a saudade que pode incomodar o coração, mas dor... dor não!
Não sabemos, talvez, que seja esse o preço e que a alegria de amar um tempo vale mil vezes a dor cravada na alma.
Amar alguém é elevar-se ao ponto nobre da vida. É tocar o céu e ter a terra aos seus pés. E se mais tarde os ventos contrários nos trazem de volta, valeu a viagem, valeram as lembranças que carregamos e que nos sustentam.
E entre os escritos da vida, prevalecem, no fim, o néctar que soubemos tirar das flores, a poesia que tiramos dos amores, mesmo daqueles que tiveram fim...

2 comentários:

Isa Martins disse...

olá amiga, penso que as decepções são pequenas doses de aprendizado, e quando vamos aprendendo e perdemos o medo, tudo passa a ser mais leve.
O amor verdadeiro não causa dor, o que causa é a ilusão, é a ótica pela qual vemos as situações à nossa volta.
Não temos garantia de nada, só o que temos é a coragem e a fé de sempre tentar de novo, de acreditar que a vida nos traz muitas vezes situações aparentemente iguais para que possamos agir diferente e ter outro resultado,e como diz no texto... o que vale é o néctar que soubemos tirar das flores e a poesia dos amores, achei isso lindo!
Beijos e bom fim de semana!

Penélope disse...

Perto da dádiva que é a VIDA creio que não tenho tido muitos olhares às decepções, mesmo sabendo que elas nascem com os dias. Um grande abraço, minha amiga!!!