Ao contrário do que o título desta crônica possa sugerir, não vou falar sobre aqueles que vivem à margem da sociedade, sem trabalho, sem estudo e sem comida. Quero fazer uma homenagem aos excluídos emocionais, os que vivem sem alguém para dar as mãos no cinema, os que vivem sem alguém para telefonar no final do dia, os que vivem sem alguém com quem enroscar os pés embaixo do cobertor. São igualmente famintos, carentes de um toque no cabelo, de um olhar admirado, de um beijo longo, sem pressa pra acabar.
A maioria deles são solteiros, os sem-namorados. Os que não têm com quem dividir a conta, não têm com quem dividir os problemas, com quem viajar no final de semana. É impossível ser feliz sozinho? Não, é muito possível, se isso é um desejo genuíno, uma vontade real, uma escolha. Mas se é uma fatalidade ao avesso - o amor esqueceu de acontecer - aí não tem jeito: faz falta um ombro, faz falta um corpo.
E há aqueles que têm amante, marido, esposa, rolo, caso, ficante, namorado, e ainda assim é um excluído. Porque já ultrapassou a fronteira da excitação inicial, entrou pra zona de rebaixamento, onde todos os dias são iguais, todos os abraços banais, todas as cenas previsíveis. Não são infelizes e nem se sentem abandonados. Eles possuem um relacionamento constante, alguém para acompanhá-los nas reuniões familiares, alguém para apresentar para o patrão nas festas da empresa. Eles não estão sós, tecnicamente falando. Mas a expulsão do mundo dos apaixonados se deu há muito. Perderam a carteirinha de sócios. Não são mais bem-vindos ao clube.
Como é que se sabe que é um excluído? Vejamos: você passa por um casal que está se beijando na rua - não um beijinho qualquer, mas um beijo indecente como tem que ser, que torna tudo em volta irrelevante - você inclusive. Se lhe bate uma saudade de um tempo que parece ter sido vivido antes de Cristo, se você sente uma fisgada na virilha e tem a impressão que um beijo assim é algo que jamais se repetirá em sua vida, se de certa forma este beijo que você assistiu lhe parece um ato de violência - porque lhe dói - então você está fora de combate, é um excluído.
A boa notícia: você não é um sem trabalho, sem estudo e sem comida - é apenas um sem-paixão. Sua exclusão pode ser temporária, não precisa ser fatal. Menos ponderação, menos acomodação, e olha só você atualizando sua carteirinha. O clube segue de portas abertas.
23 comentários:
Sensacional, minha querida! Mas certamente a pior exclusão é a que vem com a utopia de uma cia. Muitas vezes as pessoas estão acompanhadas, mas são tão sozinhas, tão excluídas, né?
Beijo, beijo e tenha uma linda semana!
She ;)
Mas que post show! A pricípio é mesmo algo sério até que nos damos conta de que não precisa ser definito, e depende muito mesmo da nossa disposição.
Beijos.
Gostei do conselho de ter menos ponderação, o que eu traduzi como menos exigência ou "rigor constitucional", he he he. Ao meu redor já vi pessoas sozinhas muito exigentes. Percebi que o tempo ainda enfatizava a exigência costumeira . É uma tranqueira só, pouca compaixão, humildade, mínima vontade de estar junto de verdade e, principalmente, preguiça de cuidar. É preciso cuidar de si, do outro e do próprio relacionamento. Construir juntos um sentimento .
O excluído geralmente exclui muito.
Isto é uma realidade esquecida na nossa vida diária. As coisas mudam e quem sabe se amanhã eles estarão bem com um ombro para descasar a cabeça.
Os excluídos dentro do próprio lar também doí...
Os silêncios que doem e ferem sangrando mesmo...
Muito bom o texto, creio que todo o mundo se identificou de alguma maneira.
Ainda bem que no final tem um consolo, sempre dá tempo para renovar a carteirinha,rsrsrs
beijos
lindo texto querida amiga... mais e uma grande verdade tem pesoas que se isolan mesmo tendo tudo.. pesoas que as aman que as necesitan.. mas nao enxergan o nao perceben...mais sempre se esta a tempo pra recuperar o tempo perdido... sempre o amor te da a oportunidade de ser calido al amor...
saludos
otima semana amiga
abracos de coracao.
Maravilhoso esse texto! Meu Deus, como existem excluídos por aí, precisando que alguém lhes dê a mão, ou que vejam as mãos estendidas!
Em alguns momentos da vida, nos sentimos também como excluídos emocionais!
parabéns pela escolha
gd beijo
Esse texto é maravilhoso e é uma verdade absoluta. Me identifiquei muito em certas partes. Mas ainda bem, que no final, veio um alívio: a exclusão pode ser temporária e quando
achar conveniente posso atualizar a carteirinha.
Um abraço carinhoso
Maria Jose, mais um belo texto. Só espero qiue nao tenha endereço certo. Exatamente a um pobre coração. Abraços guria.
Lindo o texto!
Belas palavras que em tocaram a minha alma...em algumas partes me identifiquei, mas a certeza de que tudo um dia vai passar me trouxe conforto.
Sinto sim, falta de ter alguém...mesmo que seja p/ conversar, de um amor...ah! isso é o que mais sinto falta...mas...rs...aprendi a olhar as flores pelo caminho e procuro sempre pensar que esse é um tempo que preciso passar comigo, cuidar de mim.
Mas muitas das vezes já me senti excluida por esse motivo.
Uma linda noite de domingo p/ vc.
bjs no coração (*_*) sempre
Manter o coração aberto à vida é não se deixar envelhecer com medo de não viver novos amores.
Maria José, beijo doce em teu coração!!!
Olá Maria José, Compreendo muito bem o sentido da mensagem , mas, na minha vida não posso dizer que sou assim. Agradeço ao Universo que amanhã inclusive (dia 20) fará 14 anos que estou com uma pessoa muito especial ao meu lado. Somos tudo: amigos, confidentes, amantes e mais importante que tudo, respeitamos a individualidade um do outro. Nossa Energia hoje já se misturou, ao ponto de um conhecer o outro apenas com um olhar.
Mas, nunca devemos esquecer que apesar de todas as pessoas especiais que surgirem em nossa vida, apenas uma é mais importante que tudo. VOCÊ MESMA.
Um grande abraço!
Lú.
Maria querida!
Todos nós temos um ladinho excluído. Belo post!
Como vai você?
Espero que o seu final de semana tenha sido maravilhoso.
Vim deixar muitas beijocas e desejar uma linda semana para você!
Com carinho,
Sônia Silvino's Blogs
Vários temas & um só coração!
Sabe Maria José, eu durante uma fase da minha vida fui uma excluída da paixão. Meus objetivos na vida era estar bem no trabalho, bem nos estudos e ser independente. Talvez porque desde pequena me foi dito que mulher não deveria precisar de homem para viver e eu fui me isolando. Tive alguns relacionamentos frustrados o que afirmava essa minha opinião e não posso te dizer que não era feliz, era feliz sim, do meu jeito, com a minha pequena solidão. Mas com o tempo, acho que a idade vai chegando também, comecei a ter a necessidade de ter alguém para compartilhar...comecei a me sentir excluída quando ia a um shopping e via casais por toda a parte, ia a um jantar e lá estavam os casais...isso começou a me incomodar e aos poucos fui percebendo que seria bom ter alguém, quando percebi isso, logo a pessoa certa apareceu. Viver sozinho é bom, mas viver com alguém é melhor ainda, por mais dificuldades que possam surgir, o amor, o companheirismo supera tudo e é um grande aprendizado nessa caminhada nesse planeta. Hoje digo que é muito bom ter alguém.
Mas é importante ressaltar que contos de fadas não existem, aquele que continuar procurando a mulher ou o homem perfeito, continuará só. Então devemos procurar alguém que nos faça feliz e que estejamos dispostos a dar amor também e não só receber.
Bjo grande,
Eliane.
Olá Maria José Rezende,
Belo texto!
Um bom exercício de reflexão podemos tirar deste "estudo" sobre a exclusão ou a auto-exclusão.
Interessante.
Muito interessante!
Um abraço e até sempre,
José Gonçalves
(Guimarães)
é verdade, por isso que tenho um harén rss abraços
Maria José
Adorei o texto.
A fisgada na virilha foi ótima....
É uma pena mas nosso mundo está cheiiiiinho de Sem-paixões.
Falta entusiasmo para se viver.
Beijinho e uma semana de paz
Minha querida irmã de alma, muito bom o texto, muitos estão com suas carteirinhas vencidas em alguns aspectos,mas temos que ver isso como um preparo para dar espaço á novos relacionamentos, de melhor qualidade.
Beijos e uma ótima semana pra você!
Maria José, primeiramente já enviei o texto "ser espírita", para todos meus amigos, obrigada mais uma vez.
Quanto a este texto, diga-se de passagem: ótimo,
Acredito ser uma das felizardas.
Tive o prazer e a oportunidade de encontrar alguém que depois de 14 anos de convivência me surpreende com declarações de amor, com aquele olhar que me despe, me cobiça e além de amor, temos a mais pura amizade que alguém gostaria de ter.
Sabe, é como se estivesse sonhando e fosse acordar de uma hora para outra.
Rimos juntos falando coisas sem propósitos ou cobranças.
Choramos ao assistir um filme de amor ou emocionante.
Somos cúmplices em tudo que fazemos.
Somos um casal que possui defeitos mas diante do que vivemos, isto não é nada .
Abri mão de tudo e de todos, pra estar com ele, acho mesmo que foi um ato de coragem, não sem sofrimento, mas vejo hoje com orgulho que valeu a pena cada segundo de sofrimento.
Gosto de falar sobre isto, porque muitas pessoas acham impossível encontrar alguém assim, mas dá sim, demorou 17 anos pra mim, mas aconteceu.
Qualquer dia conto esta história.
Um abração repleto de enegia positiva!!!
Maravilhoso!!
boa semana linda flor
Bravo!
E como tem excluídos nesse mundão de Deus hein amiga.
Bom dia!
beijooo.
Adorei sua postagem, uma crônica cheia de verdades. Beijos
Querida muito bom o texto...quase todos nós já nos sentimos ou vivemos esta situação...mas sabe algo que ajuda e muito a muda-la? Amar...quando passamos a verdadeiramente amar tudo e todos, a doar nosso amor sem nada esperar...parece mágica, mas quando menos percebemos estamos sendo muito amados...não exatamente um romance, mas um bom começo para se deixar de sentir excluído...doce semana querida...beijos...
Valéria
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