Esta existência terrena se assemelha a uma viagem.
A primeira estação, a do embarque, é a mesma para todos, e se chama: Nascimento.
Quanto tempo durará a viagem, qual a duração de uma vida, quem o saberá...?
Da mesma forma que bela, breve é a vida.
A última estação, a do desembarque, é a mesma para todos, e se chama: Eternidade.
“Estais preparados, pois não sabeis quando, nem como sereis chamados a partir. Não penses estar pronto. Não te iludas, pois infindável é a preparação.” (Trigueirinho)
E um dia, não tão distante, chegará a nossa vez de desembarcar...
O ingresso na Eternidade é um ato solitário...
Os jornais do mundo continuarão repletos de notícias, carros continuarão a cruzar avenidas e estradas, mas, para aquele que adentra a Eternidade, já não terão a menor importância...
Familiares, - filhos, irmãos, pais... -, e amigos íntimos deixados para trás.
O ingresso na Eternidade é um ato solitário...
Bens materiais, conta bancária, chaves e senhas ficaram para trás, perdendo o valor que aparentavam ter...
Desta existência terrena levaremos apenas aquilo que trazemos no coração.
Todo o resto não nos pertence de fato, sendo-nos confiado por um breve intervalo de tempo...
Na hora da morte, teremos plena consciência do real valor de cada ato que praticamos...
Colheremos aquilo que plantamos, ações têm conseqüências...
O corpo físico se assemelha a uma gaiola, e a alma, a uma ave que nela habita.
Na hora derradeira, a Morte, - sempre atenta, sempre justa -, estende a sua mão e diz para a ave da alma:
“É chegada a hora da tua partida, de deixar para trás esta gaiola mortal, e seguir livre a tua jornada.”
“Deixa para trás esta gaiola efêmera, e voa...”
Estará a ave do espírito apta a voar nesta hora decisiva?
Estarão as suas asas suficientemente fortes?
Estarão as nossas asas suficientemente limpas?
Cuidar das asas significa cuidar do espírito...
“Cuidar do espírito significa cuidar dos valores que dão rumo à nossa caminhada... e alimentar significações que enchem de sentido a nossa vida e que levaremos conosco até o fim de nossa existência.”
“Cuidar do espírito demanda acender a brasa interior da contemplação e da oração diuturnamente para que nunca se apague.”
“Significa, especialmente, cuidar da espiritualidade, que é a capacidade de sentir Deus a partir do coração e de vê-Lo nascer a cada momento no outro que está à minha frente.” (Leonardo Boff)
Amar os homens é amar a Deus.
Muito se tem falado sobre os Direitos Humanos, já é hora de pensarmos em termos de Deveres Humanos...
O dever de ser solidário, de compartilhar os bens e os dons com os quais fomos agraciados pela Vida...
O dever de ampliar o nosso campo de visão, de modo a abranger não apenas a nossa família biológica, mas a inteira família humana.
O dever de amar e acolher o órfão, o idoso, o enfermo, o desamparado...
O dever de socorrer o pobre, o necessitado, o excluído, o desabrigado...
“Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitando, lhe fechar o coração, como permanece nele o amor de Deus?” (João - 3, 17)
O que será que a menina de tanto destituída responderá, no dia em que lhe for dirigida a seguinte pergunta: “Acaso encontraste, neste vasto mundo, alguém disposto a tentar amenizar a tua dor...?” “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.” (Livro dos Conselhos)
3 comentários:
Existe a matéria..., e existe o espírito...
A matéria é limitada pelas leis do tempo e do espaço, pelo visível, pelo findável, pelo finito...
O espírito pertence a um mundo sem fronteiras ou limitações, um mundo onde as aparências se desmancham, e as essências são reveladas...
Durante um breve lapso de tempo, espírito e matéria dividem o mesmo palco, findo tal prazo, cada qual segue o seu rumo...
O corpo material, o necessário abrigo temporário do espírito, recolhe-se ao pó... enquanto que o espírito segue sua jornada pelos mundos invisíveis, eternos, celestiais.
Purificar o coração, lapidar a alma, ser solidário, generoso, atento, desperto, de modo a estar apto a deixar o palco da vida terrena, quando a hora final chegar, com a sensação de dever cumprido, com uma consciência tranqüila...
“O único objetivo da vida no mundo material é a entrada no mundo da Realidade...” (Escritos da Fé Bahá’í)
“Ó Descendente do Pó!
Não te contentes com o ócio de um dia passageiro, privando-te do repouso eterno.
Não troques o jardim de infindável deleite pelo monte de pó que é o mundo mortal.
De tua prisão ascende aos gloriosos prados do além e, de tua gaiola mortal, alça teu vôo até o paraíso do Infinito.” (Bahá’u’lláh)
Outros prados, outras pradarias nos esperam.
Mundos espirituais, onde a Justiça não fenece...,
...onde o Amor continuamente floresce,
e onde a Bondade perdura.
“Olhai os lírios do campo…”
“Buscai o Reino de Deus em primeiro lugar...”
(Jesus Cristo)
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