Tudo o que é desmedido causa dano. Comer
demais é tão nocivo quanto comer de menos. Uma vida sedentária conduz tanto à
destruição quanto uma vida corrida.
E o amor? O amor também. Amor ao outro,
aos filhos, a uma causa... tudo aquilo que nos ultrapassa, nos faz
esquecer-nos, nos torna dependentes e vulneráveis é prejudicial.
O amor exagerado ao parceiro, sufoca-o.
O ciúme doentio pode levar um a querer experimentar exatamente o que o outro
teme tanto, para que, enfim, este tenha razão e possa se sentir justificado. E
as pequenas mentiras dentro de um casal surgem também à partir daí. Faz-se
coisas às escondidas, às vezes sem grande importância, mas que se o outro
souber vai causar brigas. Estabelece-se assim a dualidade entre os casais mais
unidos. É aí que os caminhos começam a se separar.
Pais que amam tanto os filhos que fazem
tudo por eles e no lugar deles, os deixam despreparados para a vida. É como
agasalhar demais, dar presentes demais, estar sempre disponível, não saber
dizer não. A vida nunca se conduz como pais protetores e não é raro ver
criminais que foram superprotegidos na infância e adolescência.
Toda pressão conduz à necessidade de
sair dela. A proibição absoluta é um grande abismo atraente.
E o excesso de liberdade pode conduzir à
libertinagem. Filhos livres demais são tão infelizes quanto os que se
sentem em prisão. Sentem-se mal amados. Não podemos viver a vida dos nossos
filhos por eles e não podemos deixá-los vivê-la completamente sozinhos, pois nosso
papel é justamente educá-los, mostrar o que é certo e errado, deixar que façam
suas experiências e estar do lado para quando precisarem.
Mesmo a dor é necessária e útil ao nosso
equilíbrio.
O equilíbrio é o sal na vida, é o
tempero, o que dá gosto. Deve haver sempre uma balança em todas as nossas
ações. Não dizemos que as pessoas loucas são desequilibradas? Para essas
pessoas não existe meio termo, alguma coisa nas suas vidas pesou tanto que
causou essa desigualdade essencial a uma vida sã.
O que é normal e anormal nas nossas
atitudes no dia-a-dia nem sempre é visível aos nossos próprios olhos. Nossos
conceitos podem cegar-nos e frequentemente precisamos de um olhar exterior que
nos mostre onde estamos errando. E aí precisamos estar abertos a críticas, não
como algo prejudicial, mas como uma nova visão daquilo que pensamos.
Viver bem é viver na boa medida, é não
ser dependente, não criar dependentes, é dar ao eu e ao outro a liberdade de
ser estando, porém, do lado.
Viver bem é aprender a arte de bem
viver.
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