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terça-feira, 30 de junho de 2015

FELIZ POR NADA...



Benditos os que conseguem se deixar em paz. Os que não se cobram por não terem cumprido suas resoluções, que não se culpam por terem falhado, não se torturam por terem sido contraditórios, não se punem por não terem sido perfeitos. Apenas fazem o melhor que podem.
(...) Particularmente, gosto de quem tem compromisso com a alegria, que procura relativizar as chatices diárias e se concentrar no que importa pra valer, e assim alivia o seu cotidiano e não atormenta o dos outros. Mas não estando alegre, é possível ser feliz também. Não estando “realizado”, também. Estando triste, felicíssimo igual. Porque felicidade é calma. Consciência. É ter talento para aturar o inevitável, é tirar algum proveito do imprevisto, é ficar debochadamente assombrado consigo próprio: como é que eu me meti nessa, como é que foi acontecer comigo? Pois é, são os efeitos colaterais de se estar vivo.
Se é para ser mestre em alguma coisa, então que sejamos mestres em nos libertar da patrulha do pensamento. De querer se adequar à sociedade e ao mesmo tempo ser livre. Adequação e liberdade simultaneamente? É uma senhora ambição. Demanda a energia de uma usina. Para que se consumir tanto? A vida não é um questionário de Proust. Você não precisa ter que responder ao mundo quais são suas qualidades, sua cor preferida, seu prato favorito, que bicho seria. Que mania de se autoconhecer. Chega de se autoconhecer. Você é o que é, um imperfeito bem-intencionado e que muda de opinião sem a menor culpa. Ser feliz por nada talvez seja isso.

domingo, 28 de junho de 2015

O DESÂNIMO



Deveríamos todos parecer flores no início da primavera. A própria imagem da vida, abertos, viçosos, esperançosos e sorridentes, muito sorridentes aos passantes.
Só que a vida é um lutar constante. Quando chegamos prontos para a batalha, não sabemos ainda como serão as lutas, o que vão exigir, o que vão tomar de nós. E é assim em várias áreas da nossa vida, que seja física, espiritual, amorosa, nos nossos relacionamentos com os outros...
O lutar nos cansa; as respostas que tardam a vir nos cansam, as esperanças prorrogadas ao dia-a-dia podem tornar-se cansativas. A fadiga chega, o desânimo se apossa de nós e tira nossas forças.
A fadiga psicológica é muito mais perigosa do que qualquer outra que venha tomar conta de nós. Não basta uma noite de descanso ou uns dias de férias. Oxalá fosse assim! Muitos dos nossos problemas seriam resolvidos a cada fim de semana.
Quando nos deparamos com uma situação em que não vemos saída é inútil continuar se debatendo, isso só vai aumentar o desânimo.
É preciso em certos momentos deixar-se abandonar, não para desistir, mas para se recuperar as forças, olhar com objetividade, dar-se a ocasião de reconhecer-se fragilizado e humano e, por isso mesmo, igual a todo mundo. Há os que nunca perdem a coragem e vontade de lutar, mas ainda não conheci alguém que nunca tenha tido um momento, nem que seja um momento, de desânimo. E não é errado, não é anormal.
É apenas nosso ponto de limite e isso é muito individual, por isso nada de comparações. Ninguém é melhor que ninguém por que parece mais forte e resistente, as pessoas apenas são diferentes.
Jesus chorou, mas não desistiu de Jerusalém. Ele pediu que o cálice fosse passado, mas carregou a cruz e foi pregado nela.
Vocês já observaram flores que ficam muito tempo sem água? Elas murcham, ficam abatidas. Mas em geral é suficiente um copo de água fresca e logo depois elas reerguem-se, como muitas quando recebem o sereno na madrugada. Chegam prontas para enfrentar o dia. E é assim conosco.
Que as lágrimas venham, venham sim! E que venham os tempos de estia! Mas que não morramos de fraqueza, que a noite chegue trazendo o sereno, que a primavera volte! Quantas e quantas vezes é suficiente levantar um pouco os olhos para ver que as soluções estavam ao nosso alcance, a gente é que estava cansado demais para procurar direito.
Disse Jesus: No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo! Eu venci o mundo.
E se estamos em Cristo e Ele em nós, nenhum obstáculo será intransponível, nenhuma estrada será longa demais.

sábado, 27 de junho de 2015

RENASCE!



Enquanto o dia corre, trabalha sem cessar,
não desanime enquanto restar forças.
Enquanto o corpo permite, levanta-te,
não fique no chão da reclamação fácil.
Enquanto a alma resiste, se encha de amor,
amor por você mesmo, pelo que você é,
e você é muito mais do que imagina,
mais do que dizem e conhecem.
Renasce!
Sai da sombra do quarto escuro,
foge da depressão com um sorriso renovador,
com a certeza de que o mundo tem muito mais
para te oferecer e devolver para a sua vida.
Enquanto pode, reconcilia-te com todos,
não deixe intriga nenhuma te afastar de alguém,
não deixe a família se separar,
junte sempre, não espalhe...
Renasce!
Que esta noite é sua, a chuva fina que cai,
a lua que ilumina os caminhos,
prepararam o chão para as sementes,
que estavam adormecidas e quando o amanhã chegar,
o sol vai  despertá-las para uma nova vida,
para um novo tempo, tempo de colher,
de ser novo e novidade, riso e alegria,
para amar e ser amado,
no tempo de ser simplesmente você,
que com o amor renasce.
Eu acredito em você.
Autoria de Paulo Roberto Gaefke

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sexta-feira, 26 de junho de 2015

PARA NÃO EVAPORAR



Dei pra me emocionar cada vez que falo dos amigos. Deve ser a idade, dizem que a gente fica mais sentimental. Mas é fato: quando penso no que tenho de mais valioso, os amigos aparecem em pé de igualdade com o resto da família. E quando ouço pessoas dizendo que amigo, mas amigo meeeesmo, a gente só tem dois ou três, empino o peito e fico até meio besta de tanto orgulho por ter mais do que isso. Não é privilégio meu, qualquer pessoa poderia ter tantos assim, mas quem verdadeiramente se dedica?
Tem gente que costuma dizer: Fulano é meu amigo, Beltrana é minha amiga. É nada. São conhecidos. Gente que cumprimentamos na rua, conhecemos numa festa... não são amigos. Nem de perto. Alguns até chegaram a ser, mas não são mais por absoluta falta de cuidado de ambas as partes. Amizade não é só empatia, é cultivo. Exige tempo, disposição. E o mais importante: o carinho não precisa - nem deve - vir acompanhado de um motivo. As pessoas se falam basicamente nos aniversários, no Natal ou para pedir um favor – normalmente tem que haver alguma razão prática ou festiva para fazer contato, e para saber a diferença entre um amigo ocasional e um amigo de verdade, basta tirar a razão de cena.
Você não precisa de uma razão. Basta sentir a falta dessa pessoa. E, quando estão juntos, tratarem-se muito bem. Difícil exemplificar o que é tratar bem. Se são amigos mesmo, não precisam nem falar, podem caminhar lado a lado, em silêncio. Não é preciso trocar elogios constantes, podem até pegar no pé um do outro, delicadamente. Não é preciso se rasgar em manifestações constantes de carinho, podem dizer verdades duras, às vezes, elas são necessárias. Mas há sempre algo sublime entre os amigos de verdade. Talvez respeito seja a palavra-chave. Admiração, certamente. Cumplicidade? Mais do que isso. Sintonia? Acho que é amor. Só mesmo amando para você confiar a ele o seu próprio inferno. E para não invejar as vitórias um do outro. Por amor, você empresta suas coisas, dá o seu tempo, é honesto nas suas respostas, cuida para não ofender, abraça causas que não são suas, entra numas roubadas, compreende alguns sumiços - mas liga quando o sumiço é exagerado. Correria não é desculpa!
Se essas pessoas, que considera amigos (em potencial), entraram na sua vida, não deixe que elas simplesmente, desapareçam. Infelizmente, a maioria das pessoas não só deixa, como contribui para que os amigos evaporem. Ignora os mecanismos de manutenção. Acha que amizade é algo que vem pronto e que é da sua natureza ser constante, sem precisar que a gente dê uma mãozinha. E aí um dia abrimos a mãozinha e não conseguimos contar nos dedos nem dois amigos pra valer. E ainda argumentamos que a solidão é um sintoma dos dias atuais, tão emergenciais, tão individualistas. Nada disso. A solidão é apenas um sintoma do nosso descaso.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

O CORDÃO UMBILICAL



Deus é perfeito e faz tudo com perfeição!
Costumo dizer que todas as lições que precisamos aprender para bem viver estão nas coisas simples da vida. É suficiente abrirmos os olhos, quer sejam físicos, quer sejam do coração.
Uma criança está ligada à mãe pelo cordão umbilical em um tempo normal de nove meses. Passado esse período, essa ligação já não é mais benefício, mas, ao contrário, representa um perigo de vida para os dois.
É maravilhoso perceber que Deus estabeleceu um tempo para que um novo ser humano possa começar sua independência.
Há pais que vivem a vida inteira e não se dão conta disso. Eles querem carregar seus filhos nas costas, a fim de evitar sofrimentos e pensam fazer isso por amor. Mas o que é amar?
Amar é saber a hora certa de cortar o cordão umbilical. Fazendo tudo por nossos filhos, nós os sufocamos e os deixamos despreparados para a vida. Nosso medo é que eles sofram. E daí? Quem não sofre? Quem pode evitar esse caminho?
Amar não é correr o tempo todo atrás das nossas crianças para evitar que caiam, mas estar ao lado delas cada vez que caírem para sanar os ferimentos e dar apoio, um abraço, um beijo, uma simples presença.
Deus, que é nosso Pai maior e conhecedor de todas as coisas, também permite que passemos por caminhos difíceis, às vezes mesmo quase insuportáveis e Ele não nos ama menos por isso. Nós damos muito mais valor às coisas que obtemos com dificuldade e o Senhor sabe disso. Mesmo Jesus conheceu a fome, sede, dor e angústia. E Ele é o Filho do Rei, ele é perfeito...
Amar não é construir no lugar dos nossos filhos, é ensiná-los o valor de construir e o prazer de ver o resultado. É ensiná-los que a vida não nos oferece tudo e que na maioria das vezes precisamos lutar para alcançar as coisas, precisamos passar por sacrifícios, nos resignar e aceitar que não somos perfeitos, mas que dentro da nossa imperfeição, podemos dar o melhor de nós.
Não podemos criar nossos filhos numa redoma de vidro, por que não somos eternos e por que isso seria injusto para eles. Crianças superprotegidas serão adultos mancos para a vida toda e correm o risco de sofrer muito mais do que aqueles que cedo aprenderam que não importa se a gente cai e se machuca, a gente se levanta sempre e pode recomeçar cada vez.
Às vezes o maior presente que podemos dar aos nossos filhos é deixar que caminhem sozinhos, que façam suas experiências, que experimentem as lágrimas e o gosto do sal, as decepções das derrotas e o grandioso sabor das vitórias.
Amar é libertar. Mesmo se isso dói em nós...