"Não posso viver sem você. Você é
toda a minha vida."
Sonhamos todos ouvir coisas assim.
Sonhamos todos com um amor imenso e incondicional. Ter alguém que nos olhe com
olhos cheios de amor e nos diga coisas que nosso coração anseia, coisas que nos
façam sentir únicos e especiais.
Mas por detrás de tudo o que é dito há
sempre uma realidade implícita. Alguém que diz ao outro frases como essas não
só dá ao outro o poder sobre sua felicidade ou infelicidade, como joga nos seus
ombros uma enorme responsabilidade.
Dizer a alguém: "não posso viver
sem você" equivale a dizer: "se você não mais me quiser, não quero
mais viver, vou me deixar morrer." Mas e se o amor dessa outra pessoa
diminui, se ele acaba, se ele encontra em outros braços o que ele precisa para
ser feliz? Se levar a sério o que ouviu, vai se sentir na obrigação de ficar
junto de quem não pode viver sem ela. Porém, viver junto sem amor é um fardo
que pode ser muito pesado a carregar. Significa renunciar à própria vida para
satisfazer ao outro. E como dar felicidade se não temos a mesma para oferecer?
Não podemos dar e nem exigir da outra
pessoa um amor incondicional, porque não somos eternos e a outra pessoa também
não. Podemos fazer com que fiquem conosco, mas não podemos exigir que nos amem.
O amor deve ser um sentimento livre e liberto. As pessoas devem ficar juntas
porque se escolhem mutuamente e não porque o outro exerce pressão sobre ele de
forma ou de outra.
Ninguém pode e nem deve ser a vida de
ninguém, que sejam namorados, pais, filhos... porque quando essa se vai de um,
o outro precisa e deve continuar vivendo, o outro precisa se reconstruir. Se
uma pessoa faz da outra a sua vida e ela a perde... ela perde tudo!
Não somos todos Romeus e Julietas da
vida. Embora aos nossos olhos pareça bonito um amor assim, ele não é realista e
nem deve ser para nós. Quando o outro parte, que seja da vida, que seja para
novas direções, devemos nós procurar continuar nossa vida e nos preparar para
acolher outro amor que a vida nos reserva. Precisamos nos preparar para a
eventualidade de uma nova felicidade.
Ser independente de quem amamos não
significa amar menos, mas amar o bastante para respeitar que este possa
respirar sem nós e nós sem ele. E render graças a Deus se essa pessoa decide
compartilhar nossa vida, voluntária e feliz.
Ninguém morre sem ninguém, mas todos
sobrevivem, embora cheios de marcas do vivido.
2 comentários:
Qdo o outro parte a gente vive um luta, e precisa reformular tudo de novo... para novos recomeços.
bjokas=)
Maravilhoso e vi que tenho que elogiar e dizer o que sinto mais.
Bjos tenha um ótimo dia.
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