O filme Terapia do Amor conta a história de uma
mulher de 37 anos que se envolve com um garotão de 23, e a coisa funciona às
maravilhas, é claro, porque um homem e uma mulher a fim um do outro é sempre
uma combinação explosiva, não importa a idade. Mas como em todo conto-de-fadas
que se preze, há a bruxa, no caso a mãe do guri, que não gosta nadinha da ideia,
mesmo sendo uma psicanalista de cabeça feita - aliás, psicanalista da própria
nora, descobre ela tarde demais. Deste "triângulo" surgem as tiradas
engraçadas (Meryl Streep dando show, como sempre) e também a partezinha do
filme que faz pensar.
Pensei. Mas não na questão da diferença de idade,
tão comum nas relações atuais. Se antes era natural homens mais velhos se
relacionarem com ninfetas, agora as mulheres mais maduras (não existe mulher
velha antes dos cem) se relacionam com caras mais jovens e está tudo certo, até
porque eles também tiram proveito. A troco de quê gastar energia com uma
garotinha cheia de inseguranças? Mais vale uma quarentona que perdeu a chatice
natural de toda mulher e se tornou serena, independente, autoconfiante e
bem-humorada. São mais relaxadas, garantem o próprio sustento e não perdem
tempo fazendo drama à toa. Qual o homem que não vai querer uma mulher assim? Se
você acha que este parágrafo foi uma defesa em causa própria e a de todo o
mulherio que não tem mais 20 anos, acertou, parabéns, pegue seu prêmio na
saída.
Sem brincadeira: o mais interessante do filme, a
meu ver, foi mostrar que é difícil viver um relacionamento sabendo que ele vai
terminar ali adiante, mas nunca será tempo perdido. Fomos todos criados para o
"pra sempre", como se o objetivo de todos os casais ainda fosse o de
constituir família. Quando é, convém pensar a longo prazo. Só que hoje muitas
pessoas se relacionam sem nenhum outro objetivo que não seja o de estar feliz
naquele exato momento, mesmo sabendo que as diferenças de religião, idade,
condição social ou ideologia poderão encurtar a história (poderão, não quer
dizer que irão). Há cada vez menos iludidos. Poucos são aqueles que atravessam
uma vida tendo um único amor, então, vale o que está sendo vivido, o momento
presente. "Dar certo" não está mais relacionado ao ponto de chegada,
mas ao durante.
A personagem de Meryl Streep, depois de ter todos
os chiliques normais de uma mãe que acha que o filhote está perdendo em vez de
estar ganhando com a experiência, organiza melhor seus pensamentos e diz, ao
final do filme, uma coisa que pode parecer fria para ouvidos mais sensíveis,
mas é um convite a cair na real: "Podemos amar, aprender muito com este
amor e partir pra outra". O compromisso com a eternidade é opcional e
ninguém merece ser chamado de frívolo por não fazer planos de aposentar-se
juntos.
Já escrevi sobre isso em outras ocasiões e sempre
acham que estou descrevendo o apocalipse. Ao contrário, triste é passar a vida
falando mal do casamento - estando casado - e colecionando casos extraconjugais
e mentiras dolorosas. Melhor legitimar os amores mais leves, menos fóbicos,
comprometidos com os sentimentos e não com as convenções. Estes serão os
melhores amores, que poderão, quem sabe, até durar para sempre, o que será uma
agradável surpresa, jamais uma condenação.
Um comentário:
oi minha amiga,
nenhum amor deve ser condenado...
se for verdadeiro,sincero tem que ser respeitado e vivido intensamente...
beijinhos
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