Um bebê nasce. O médico anuncia: é uma menina! A
mãe da criança, então, se põe a sonhar com o dia em que a sua princesinha terá
um namorado de olhos verdes e casará com ele, vivendo feliz para sempre. A
garotinha ainda nem mamou e já está condenada a dilacerar corações.
Laçarotes, babados, contos de fadas: toda mulher
carrega a síndrome de Walt Disney.Até as mais modernas e cosmopolitas têm o
sonho secreto de encontrar um príncipe encantado. Como não existe um Antonio
Banderas para todas, nos conformamos com analistas de sistemas, gerentes de
marketing, engenheiros mecânicos. Ou mecânicos de oficina mesmo, a situação não
anda fácil.
Serão eles desprezíveis? Que nada. São gentis, nos
ajudam com as crianças, dão um duro danado no trabalho e têm o maior prazer em
nos levar para jantar. São príncipes à sua maneira, e nós, cinderelas
improvisadas, dizemos sim! sim! sim! diante do altar; mas, lá no fundo, a
carência existencial herdada no berço jamais será preenchida. Queremos ser
resgatadas da torre do castelo. Queremos que o nosso pretendente enfrente
dragões, bruxas, lobos selvagens. Queremos que ele sofra, que vare a noite
atrás de nós, que faça tudo o que o José Mayer, o Marcelo Novaes e o Rodrigo
Santoro fazem nas novelas. Queremos ouvir "eu te amo" só no último
capítulo, de preferência num saguão de aeroporto, quando ele chegará a tempo de
nos impedir de embarcar.
O amor na vida real, no entanto, é bem menos
arrebatador. "Eu te amo" virou uma frase tão romântica quanto
"me passa o açúcar". Entre casais, é mais fácil ouvir eu "te
amo" ao encerrar uma ligação telefônica do que ao vivo e a cores. E fazem
isso depois de terem se xingado por meia-hora. "Você vai chegar tarde de
novo? Tenha a santa paciência, o que é que você tanto faz nesse escritório? Ontem
foi a mesma coisa, que inferno! Eu é que não vou preparar o jantar para você às
dez da noite, te vira. Tchau, também te amo." E batem o telefone
possessos.
Sim, sabemos que a vida real não combina com cenas
hollywoodianas. Sabemos que há apenas meia dúzia de castelos no mundo, quase
todos abertos à visitação de turistas. Sabemos que os príncipes, hoje, andam
meio carecas, usam óculos e cultivam uma barriguinha de chope. Não são heroicos
nem usam capa e espada, mas ao menos são de carne e osso, e a maioria tentaria
nos resgatar de um prédio em chamas, caso a escada magirus alcançasse o nosso
andar. Não é nada, não é nada, mas já é alguma coisa.
Dificilmente um homem consegue corresponder à
expectativa de uma mulher, mas vê-los tentar é comovente. Alguns mandam flores,
reservam quarto em hoteizinhos secretos, surpreendem com presentes, passagens
aéreas, convites inusitados. São inteligentes, charmosos, ousados, corajosos,
batalhadores. Disputam nosso amor como se estivessem numa guerra, e pra quê?
Tudo o que recebem em troca é uma mulher que não para de olhar pela janela,
suspirando por algo que nem ela sabe direito o que é... Perdoem esse nosso desvio cultural, rapazes.
Nenhuma mulher se sente amada o suficiente.
2 comentários:
M.J.
"Dificilmente um homem consegue corresponder à expectativa de uma mulher, mas vê-los tentar é comovente."
A FRASE ACIMA EXPRESSA UMA VERDADE VERDADEIRA. É IMPOSSIVEL ENTENDER-SE A MENTE FEMININA. Porisso é que dizem:
A mulher tem 7 sentidos; 03 errados e 04 perdidos, né? Bjs. Roy Lacerda.
O amor na vida real não tem nada haver com os filmes e nem sempre tem seu Felizes para Sempre.
Mas o fato é que sonhamos a vida toda em encontrarmos um (Príncipe), em vivermos um amor arrebatador, como nos filmes e novelas..
A mulherada suspira diante do amor...
Mas a realidade nem sempre vai ao nosso favor...
bjokas =)
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