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sábado, 2 de agosto de 2014

QUANDO A PALAVRA É DESISTIR...



Existe um momento na vida de cada pessoa que o "e si?" chega e tormenta a mente. E se eu não fiz a boa escolha? E se o caminho era outro? E se depois de todo esse tempo eu tivesse que voltar atrás? E se meus sonhos tomassem outra direção, outras formas e me conduzisse a outros lugares? E se eu parasse tudo o que fosse possível e recomeçasse?
Temos em nós o sentimento de que quando desistimos de um caminho tomado é como se tivéssemos que reconhecer abertamente nosso erro, nossa má decisão, nossa fraqueza como ser humano que não soube ter o discernimento de fazer as escolhas certas na hora certa.
E o que dói mais não é o querer recomeçar, pois se muitos pudessem ou tivessem coragem bastante, recomeçariam sem hesitação. O que dói é o sentimento de ter perdido uma batalha pela qual tínhamos nos empenhado, é a sensação do desistir que nos dá o sentimento de fraqueza, sobretudo quando ouvimos tanto e tanto que nunca devemos desistir.
Mas devemos desistir sim, se a situação pede ou mesmo exige de nós uma atitude. Continuar num caminho que sabemos íngreme só para dar aos outros a ideia de que somos infalíveis é criar em volta de nós uma imagem hipócrita, pois mostramos ao mundo o que ele quer ver e sepultamos nossos sentimentos.
E ninguém vê quando choramos escondido, ninguém conhece a dor e o sentimento de escuridão que atravessa nosso espírito nos momentos em que nos encontramos com nós mesmos, ninguém sabe por nós o que é morrer devagarinho dentro de si porque depois de alguns passos nos agarramos ao feito e consideramos as nuvens como absolutamente inacessíveis. Ninguém sabe por nós, não...
Há sonhos que estão longínquos demais e outros bem mais ao alcance das nossas mãos. Não faz parte da sabedoria abraçar o que está próximo e tirar o néctar das flores que nos oferecem da maneira mais sutil possível?
Se não pudéssemos mudar de ideia, de opinião, de caminho, Jesus nunca teria vindo na terra. Se veio, foi para que soubéssemos que podemos desistir de ideias pré concebidas, de decisões anteriormente tomadas como boas, de caminhos que só nos conduzirão à perda do nosso eu e à diminuição da nossa personalidade.
Desistir de algo que se almejou e se lutou para ter não é dar um passo atrás. Se não estamos satisfeitos, o melhor é avançar e se isso significa dar um passo atrás, devemos dar esse passo sim!
Só podemos fazer os outros felizes se nos sentimos felizes. Ninguém fala da beleza da lua e das flores se essa beleza não tiver atingido seu coração, se não estiver impregnada na sua alma.
Quem canta, canta porque a alma canta e canta até sem perceber. Dar felicidade é possuir felicidade, dar conhecimento é possuir conhecimento, dar segurança é possuir segurança.
O legado que devemos deixar aos nossos filhos não é o de uma pessoa infalível e perfeita, mas de uma pessoa que soube extrair do âmago da vida e dos seus ensinamentos aquilo que esta lhe ofereceu.

Um comentário:

Mirtes Stolze. disse...

Boa noite Maria Jose.
Um belíssimo texto,estou ausente do virtual mais vim lhe desejar um feliz agosto.
abraços.