“Só os pássaros voam,e os anjos, e os homens,
quando sonham...” (José Saramago, em Memorial do Convento)
Quais são os sonhos que nos fazem voar?
Acerca do tempo, tudo ignoramos; salvo as marcas que
a sua passagem deixa nos nossos corpos, e nos nossos sonhos...
Embora estejamos mergulhados no tempo, conhecemos
apenas os efeitos de sua passagem; e nada mais.
As fotos amareladas, e os cabelos esbranquiçados
pela ação do tempo. As gerações que se sucedem. O que representam 50 anos? Dizemos
pais, irmãos, filhos... Acreditamos que sabemos perfeitamente do que estamos a
falar.
Dizemos pais, irmãos, filhos... E quão raramente paramos para refletir sobre o
profundo significado que tais termos encerram.
Pequena é a distância que separa pais e filhos,
avós e netos. O homem feito de hoje é a criança que ontem brincava.
O velho que hoje caminha com dificuldade, apoiado
na sua bengala, amanhã onde estará? Dizem que muito, senão tudo, da criança
pequena no adulto permanece.
Para aquele que cultiva um olhar atento, nada é
mais belo do que o equilíbrio precário da existência.
Depressa escorrem 40 anos, feito areia fina por
entre os dedos. Onde estávamos há 40 anos, e onde estaremos daqui a 40 anos?
Quão frequentemente refletimos sobre o rio do
tempo, que corre sem cessar? A tranquilidade luminosa que acompanha os ciclos
eternos. Esta vida terrena, com todas as suas dores e alegrias, não passa de um
sopro, um minuto, um instante.
A narrativa sensível da infância constitui o
verdadeiro chão onde nos apoiamos. O cuidar da infância,dentre todos os
deveres, talvez seja o mais importante.
“Diga-me a infância que tiveste, e te direi quem
és...”
O olhar da alma dá visibilidade ao que a palavra
esconde.
A vida acaba um pouco a cada dia; mas também a cada
dia ela renasce.
“Recria tua vida sempre, sempre! Remove pedras e
plante roseiras e faz doces.”
(Cora
Coralina)
Tomar partido das coisas aparentemente pequenas, e
da leveza diante do peso.
Ter ouvidos para as melodias da alma, as canções do
espírito.
Habitar o território da sensibilidade e da
simplicidade.
A vida é breve demais para que a façamos pequena.
Ponderar sobre os textos sagrados e a profundidade
dos conselhos que nos oferecem:...
“Ó Filho do Espírito! Possui um coração puro,
bondoso e radiante, para que seja tua uma soberania antiga, imperecível e eterna.”
“Ó Amigo! No jardim do teu coração nada plantes salvo
a rosa do amor...” (Bahá’u’lláh)
“Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.” (Jesus
Cristo)
7 comentários:
texto muito pertinente com o balanço geral que fazemos em nossa vida a cada ciclo natalino...Renascer, renovar-se e plantar sempre uma rosa no jardim da nossa existência...Haverá sempre beleza e perfume independente de nossas dores.Feliz Natal! Obrigada pelo carinho da sua visita.
Belo texto para reflexão mais primoroso na medida do nosso envelhecimento quando percebemos
o quanto de verdade possuí...
Um abraço
Boa noite Maria José!
Obrigado por visitar o Fare la Scarpetta.
Gostei do que li aqui, uma bela reflexão!
Que você tenha um lindo dezembro.
Beijo
Natal, época propicia ao autoconhecimento. Ao renascimento, deixar brotar nossos melhores sentimentos, nosso lado luz. Adorei seu texto/mensagem. Cheguei até seu blog, através do blog da Carla, e adorei. Um bom dia desejo a vc.
Venho agradecer o seu reegisto
no meu blogue. Já fiz o mesmo
no seu. Virei sempre que possa.
Este seu último texto é muito
bom. Preciso de o reler com
mais tempo.
Bj.
Irene Alves
Lindo texto, para acordar nossos sonhos e nos aquietar!sempre é muito bom passar por aqui...beijos e boa semana!
Boa tarde Maria.
Gostei do texto,nós faz refletir.
Devemos plantar flores para inalar o perfume delas,pois se nada plantamos como colheremos.
Vamos amar una aos outros,para podermos colher a felicidade.
Uma linda noite.
Beijos.
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