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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

METÁFORAS



Somos alma dispersa como ar; e corpo mortalmente inserido no tempo.
Rubem Alves – poeta, educador, filósofo, teólogo, humanista – nos ensina que as metáforas são “pontes poéticas que o amor constrói”, e que fazem ligação entre coisas e conceitos.
George Lakoff, destacado linguista e pesquisador do pensamento e da linguagem, sustenta que as metáforas são mais que um recurso linguístico para explicar ideias.
As metáforas, sustenta Lakoff, são a própria matéria-prima do pensamento e têm existência física no cérebro.
A capacidade dos neurônios de conectar-se em redes ativadas por contiguidade semântica faz com que as palavras escolhidas tenham o dom de comunicar sentimentos.
Metáforas, “pontes poéticas que o amor constrói”. Palavras dotadas do dom de comunicar sentimentos. O brilho das sinapses, conexões neurais que vão se reestruturando. E talvez por constituírem “a própria matéria-prima do pensamento”– ocasionando o brilho de sinapses e de novas conexões na mente e na alma – as metáforas, desde os tempos idos, têm acompanhado a história humana.
Jesus Cristo, incomparável Mestre, assentado em um monte nas cercanias de Cafarnaum, rodeado por um numeroso grupo de discípulos, utilizou a seguinte metáfora, simples e profunda:... “Vós sois o sal da terra, e se o sal for insípido, com que se há de salgar?”
Diversas interpretações têm sido dadas para o uso da expressão “sal da terra”, algumas das quais baseadas no contexto histórico em que foi proferida.
Cafarnaum, cidade que ficava nos arredores do local onde Jesus proferiu este ensinamento, tinha um grande comércio de peixes, que eram enviados para o exterior. O sal era de grande valia, sendo essencial para preservação de alimentos. Os carregamentos de peixes que se destinavam a mercados longínquos encontravam no sal o meio necessário para a preservação e combate à deterioração.
Da mesma forma, a nossa função – a tarefa proposta aos que se dignam de ouvir e vivenciar as palavras do amado Mestre – é preservar a massa da humanidade da corrupção moral, da deterioração e ruína espiritual.
Nestes dias de densas sombras e luzes esparsas, procurar desvincular a nossa mente e o nosso corpo de tudo aquilo que nos afasta do Sopro de vida que habita em nós, que nos sustenta e impulsiona rumo ao nosso melhor.
Nestes dias de densas sombras e luzes esparsas, refletir sobre como temos empregado nossos recursos mentais, emocionais, físicos e espirituais em prol de nossos semelhantes, da nossa sociedade, do mundo e da Vida.
Aproveitar os breves e incertos dias terrenos para cultivar a atenção sutil necessária, de modo que possamos apreender as verdades que as falas poéticas e as metáforas encerram.
Doar nossos dons e talentos para a realização de algo que perdure no tempo e no espaço, transformando a espiritualidade que nos sustenta em realizações efetivas, em compaixão, em cidadania.
Aproveitar a inestimável oportunidade que esta vida terrena representa para refletir sobre como temos respondido ao amoroso chamado de sermos a “luz do mundo”, e o “sal da terra”.
“Vós sois a luz do mundo.” “Vós sois o sal da terra.”(Jesus Cristo)

Um comentário:

Ives disse...

minhas pernas voam pelas nuvens em dias de encanto! metáfora necessária