Eu tive que aceitar que o meu corpo nunca fora imortal, que ele envelheceria e que um dia se acabaria.
Eu tive que aceitar que eu viera ao mundo para fazer algo por ele, para tentar dar-lhe o melhor de mim, deixar rastros positivos da minha passagem e, em dado momento, partir.
Eu tive que aceitar que meus pais não durariam para sempre e que meus filhos, pouco a pouco, escolheriam seus caminhos e prosseguiriam sua caminhada sem mim.
Eu tive que aceitar que eles não eram meus como eu supunha, e que a liberdade de ir e vir era um direito deles também.
Eu tive que aceitar que todos os meus bens me foram confiados por empréstimo, que não me pertenciam e que eram tão fugazes como fugaz era a minha própria existência na Terra.
Eu tive que aceitar que eu iria e que os bens ficariam para uso de outras pessoas quando eu já não estivesse por aqui.
Eu tive que aceitar que varrer minha calçada todos os dias não me dava nenhuma garantia de que ela era propriedade minha, e que varrê-la com tanta constância era apenas um fútil alimento que eu dava à minha ilusão de posse.
Eu tive que aceitar que o que eu chamava de “minha casa” era só um teto temporário que dia mais, dia menos, seria o abrigo terreno de uma outra família.
Eu tive que aceitar que o meu apego às coisas só apressaria ainda mais a minha despedida e a minha partida.
Eu tive que aceitar que meus animais de estimação, minhas plantas, a árvore que eu plantara, minhas flores e minhas aves eram mortais. Eles não me pertenciam! Foi difícil, mas eu tive que aceitar.
Eu tive que aceitar as minhas fragilidades, os meus limites, a minha condição de ser mortal, de ser atingível, de ser perecível. Eu tive que aceitar para não perecer!
Eu tive que aceitar que a Vida sempre continuaria com ou sem mim, e que o mundo em pouco tempo me esqueceria. Eu me rendi e aceitei que eu tinha que aceitar.
Aceitei para deixar de sofrer, para lançar fora o meu orgulho, a minha prepotência, e para voltar à simplicidade da Natureza, que trata a todos da mesma maneira e sem favoritismos.
Humildemente agora lhe confesso que foi preciso eu fazer cessar uma guerra dentro de mim.
Eu tive que me desarmar e abrir meus braços para receber e aceitar a minha tão sonhada Paz!
8 comentários:
maria jose gostei... quantas coisas tivemos que aceitar.... e no meio se diz... eu tive que aceitar para sobreviver... é mesmo. lindo texto, esculpido com paixao da alma. belo. belo. lamarque
MARIA JOSÉ:
"Eu tive que aceitar que meus filhos,
não eram meus como eu supunha, e que a liberdade de ir e vir era um direito deles também e escolheriam seus caminhos e prosseguiriam sua caminhada sem mim".
QUANTA GENTE N Â O CONSEGUE ACEITAR, QUISERA E N T E N D E R que È assim que a vida prossegue, ne? Bjs. Roy Lacerda.
Olá, amiga. Essa é a grande verdade. Tudo nos é dado, e tudo nos é tirado. A liberdade de ir e vir, de sobreviver, aceitar e entender. Belo texto! Obrigada! òtima noite. Bjos!
Ah Maria isto acontece com todos nós, termos que aceitar, entender, compreender, desta forma fica mais fácil viver, beijos Luconi
Que bonito minha querida ler tudo
o que de bonito vc escreve,e com
toda certeza temos que aceitar pq
com fé Deus nos ajuda.
Adorei ler me emocionei
Deixo um abraço com todo meu
carinho pra você
Bjuss Rita!!!
Poxa é muito complicado, mas enfim... O ideal é valorizar e desfrutar de todas as pessoas e de todos os acontecimentos que estão sempre a nossa volta...
Boa quinta!
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Que linda mensagem. pensamos e pensamos e vamos daqui só com as nossas conquistas morais ou desditas que aqui provocamos.
Um beijo, Anjo!!!!
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