Páginas

quarta-feira, 26 de maio de 2010

NORMOSE


Lendo uma entrevista do professor Hermógenes, 86 anos, considerado o fundador da ioga no Brasil, ouvi uma palavra inventada por ele que me pareceu muito procedente: ele disse que o ser humano está sofrendo de normose, a doença de ser normal. Todo mundo quer se encaixar num padrão. Só que o padrão propagado não é exatamente fácil de alcançar. O sujeito "normal" é magro, alegre, belo, sociável, e bem-sucedido. Quem não se "normaliza" acaba adoecendo. A angústia de não ser o que os outros esperam de nós gera bulimias, depressões, síndromes do pânico e outras manifestações de não enquadramento. A pergunta a ser feita é:
Quem espera o que de nós?
Quem são esses ditadores de comportamento a quem estamos outorgando tanto poder sobre nossas vidas?
Eles não existem. Nenhum João, Zé ou Maria bate à sua porta exigindo que você seja assim ou assado. Quem nos exige é uma coletividade abstrata que ganha "presença" através de modelos de comportamento amplamente divulgados. Só que não existe lei que obrigue você a ser do mesmo jeito que todos, seja lá quem for todos. Melhor se preocupar em ser você mesmo.
A normose não é brincadeira. Ela estimula a inveja, a auto-depreciação e a ânsia de querer o que não se precisa. Você precisa de quantos pares de sapato? Comparecer em quantas festas por mês? Pesar quantos quilos até o verão chegar?
Não é necessário fazer curso de nada para aprender a se desapegar de exigências fictícias. Um pouco de auto-estima basta. Pense nas pessoas que você mais admira: não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim aquelas que desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida a seu modo. Criaram o seu "normal" e jogaram fora a fórmula, não patentearam, não passaram adiante. O normal de cada um tem que ser original.
Não adianta querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros. É fraude. E uma vida fraudulenta faz sofrer demais.
Eu não sou filiada, seguidora, fiel, ou discípula de nenhuma religião ou crença, mas simpatizo cada vez mais com quem nos ajuda a remover obstáculos mentais e emocionais, e a viver de forma mais íntegra, simples e sincera.
Por isso divulgo o alerta: a normose está doutrinando erradamente muitos homens e mulheres que poderiam, se quisessem, ser bem mais autênticos e felizes.

20 comentários:

Kelly Kobor Dias disse...

Pois é Maria José, estou contaminada por essa doença. Ultimamente me acho uma anormal por estar acima do peso, nem de casa to saindo mais...normoses...beijos

Elaine Barnes disse...

Creio que todo mundo sofre dessa doença de uma forma ou de outra. Quem dita padrões é a mídia. No tempo que não tinha tv as pessoas eram o que eram e pronto,agora...rs...No fim só pegamos a doença se queremos. Montão de bjs e abraços
Ah,não se esqueça da gente tá!
http://asmeninasdoblog6.blogspot.com/

Adriana disse...

Oi Maria José,

Muito bom o texto. Infelizmente essa normose tenta afetar a todos, em todos os ambientes e aspectos de nossas vidas, por isso precisamos ficar atentos para não sermos atingidos por dessa 'epidemia'. Mas o bom é saber que a 'vacina' para essa 'doença' está em nós mesmos: é a nossa auto-estima.

Beijos!

SolBarreto disse...

Rsrs eu li esse texto e me vi doente de normose rsrrs stou bem acima do meu peso "ideal"(olha a normoze ai de novo)e as vezes, bom a maioria das vezes acho que ninguem vai olhar pra mim por isso, que sou horrivel enfim esse tipo de coisa...
E no entanto lendo esse texto me dei conta que as pessoas que me chamam a atenção são as pessoas que fogem do normal, que fogem do comum, ou seja pessoas totalmente originais!
Adorei esse texto, alias como muitos que leio aqui...por isso estou sempre voltando...

Elizabeth disse...

Oi Maria José,
Boa noite, beijo, fique com Deus.

ONG ALERTA disse...

Infelizmente sim, a vida não é nada disso precisamos mudar este quadro, paz.
Beijo Lisette

Clau Di Genova disse...

Gostei muito , esses assuntos estavam povoando a minha mente ...muito bom poder refletir e amar aquele ser incrivelmente belo , q somos , independentemente de peso , altura , cabelo...
A vida é muito mais e é eterna , todo esses detalhes são passageiros , precisamos cuidar do q é para sempre...
Beijos, amiga!

angela disse...

Penso que essas "doenças" sempre existiram, mas antes a gente as via como peculariedades das pessoas e não como aspectos fora da norma. Essa visão normativa é acachapante e empobrecedora da visão do que é humano.
Um bom texto para reflexão.
beijos

Projeto Ser disse...

OI Maria José!
Amei esse texto!Quanto sofrimento desnecessário
para atingirmos a tal da normalidade....E afinal o que é ser normal? Quantos homens e mulheres foram sacrificados pelos seus contemporâneos e depois foram absolvidos? Nem sempre ser igual a todo mundo é ser o melhor!

Bloguinho da Zizi disse...

Maria José
Como toda doença, essa também é criada por nós.
Na grande maioria das vezes, os que ditam algum comportamento, são pessoas vazias, tristes, frustradas, mesmo que famosas.
O mal da humanidade é viver em busca de um herói para se espelhar, esquecendo que dentro dela própria há uma força maior que tudo isso. Uma força que não tem barreiras, mas que ninguém gosta de olhar, pois está dentro de si próprio.

Gratidão

Bloguinho da Zizi disse...

Maria José
Voltei pra te dedicar um selinho.
Tem tudo a ver com vc.
beijinho
grata

valterpoeta.com disse...

beijos e bom dia!

Se amar-te foi um pecado,
então já estou sentenciado.
Meu corpo já não me pertence,
minha mente foi subjugada,
pertinaz, só tenciona ter-te.
Espero de Deus, apenas piedade
quando penitente eu morrer de amor
tenha da minha dor, compaixão
e absolva o espírito deste homem
que em desatino para ti entregou:
o corpo, a alma e o coração!

Valter Montani

ValériaC disse...

Concordo totalmente com o texto... muitos estão se deixando dominar pela ditadura da normose.
É preciso fazer as pazes consigo... e amorosamente nos aceitarmos como somos.
Beijos amiga
Valéria

Daniele O disse...

Oi!
realmente essa contaminação é crônica, estou sempre a dizer que não podemos ser doentes de nós mesmos, pois somos geradores dos nossos próprios conflitos. Amo ser eu, me encontro todos os dias, sem padrões, pois o que habita em mim é luz, e não preciso de modelos prontos, eu mesmo me invento todos os dias!
Muito interessante este texto, e ele está com toda razão, tudo esta mudando, e temos que estar preparados para essas mudanças!
Gostei muito deste espaço!
bjs!
Ser Estranho Ser!

Unknown disse...

Linda Maria José,
Por estes e tantos outros motivos, decidimos (eu, marido e filhos) fugir desta falsa normalidade imposta pela sociedade e criamos a nossa própria noção do que é normal para nós... mas remar contra a maré é difícil, minha linda... é preciso ter força, é preciso ter garra, é preciso ter ganas, sempre... como diz a música... e... desistir, jamais!
Muitos beijos, flores e milhares de sorrisos!

Unknown disse...

Eu tenho um grande medo dessa coisa de ser 'normal' .

beijo.

TRIBUNA-BRASIL.COM disse...

Ma. José:

Qdo comentei outro dia a respeito dos fãs e cia. E com possibilidades de tb entrar na fila com canditado, não pensei que fosse acertar em cheio. Esta declaração do MONTANI, alem de EXPLÍCITA ao extremo, liquida com qq pretensão de outro fã, admirador etc. VÁ FAZER SUCESSO ASSIM NA BLOGOSFERA. SAÚDE, PAZ E FELICIDADES MIL, guria. Abrços.

Jorge disse...

Maria José,

uma praga a normose. Um virus que se disseminou pelo mundo afora e somente os que se vacinaram estão a salvos.
Mas a força interna do ser humano é muito mais poderoso que o virus pois se quiser se curar, é só se vacinar de força de vontade e persistência. A cura virá com o tempo.

Um beijo, meu ANjo!!

★Isa Mar disse...

Olá maria José, eu realmente sofri desta normose muito tempo e nem sabia como se chamava rsss
Agora estou me libertando a cada dia, e é claro... pagando o preço de ser considerada "anormal" pois as pessoas estão acostumadas com o trivial, com o comum e o que está na moda.
Resgatei com muito sofrimento a minha auto estima, sem me preocupar com o que os outros pensam e apesar das pessoas dizerem que admiram meu modo de ser, de vez em quando ainda dá aquele medinho...
Ser autêntico, criativo e diferente assusta pessoas que estão acostumadas com a mesmice e rotina de sempre.
Bom fim de semana á todos!
Namastê!

Ricardo Senee disse...

Que bacana esse teu texto. Bem perfulgente.
Olha sou escritor, tenho um livro, e já vou para o segundo. Sou compositor, cantor, violonista, filósofo....

E amei este texto. Muito agradável.