É especialmente comum a confusão entre individualidade e egoísmo. Porque essas coisas se misturam tanto? Como desenvolvemos nossa individualidade e nossa capacidade de nos relacionarmos intimamente? Onde aprendemos qual sentimento é feio ou bonito? Somos educados para os outros, para o social, ”diga obrigado quando receber algo de alguém- principalmente de estranhos” . Não é esquisito isso? A intimidade implica em desrespeito, então? Em desvalor? Quantas vezes ouvimos: “Você é de casa mesmo... não tem problema... ele(a) espera”... ou aquela velha e conhecida frase: ...“primeiro as visitas”! Dificilmente nos dizem: ... “aprenda a se respeitar!”...“Seja grato ao que recebe, mas não se torne por isso, um eterno devedor” ...ou o inverso ...”doe apenas o que tem senão estará correndo o risco de se tornar um eterno credor”...“Saboreie suas vitórias valorizando também sua capacidade e seu potencial que o ajudou em suas conquistas” ...e não apenas “ofereça” os créditos aos outros, ou ao acaso... ou a eterna “sorte” . Ouvi certa vez, uma definição interessante: “sorte é o encontro do talento com a oportunidade!”, é dessa interação: eu (talento) + mundo (oportunidade) que estou falando.Sou psicoterapeuta há mais de 10 anos e posso contar nos dedos de uma mão, o numero de pessoas que conheci que foram educadas a se respeitar em primeiro lugar. E a culpa? E a dúvida... será que “isso” não é egoísmo ou falta de educação? Nascemos emocionalmente misturados com o meio, enquanto bebês nossas sensações, desejos, e percepções ainda não são sentidas como nossas, fazemos parte de um todo confuso e complexo. Fantasia e realidade ainda estão indiferenciados.
Nesse momento somos ”naturalmente egoístas”, não existe o outro, tudo é "eu". A nossa percepção, nossa forma de entender, sentir e encarar a realidade, nasce daquilo que aprendemos e descobrimos durante esse processo de formação da identidade, através de nossas relações.
Nossas crenças, nossos valores, nossa fé nas mais diferentes coisas emergem da substancia da ilusão compartilhada em parte pela humanidade e em parte pelo crivo de nossa família e das pessoas que ajudaram a construir nossa matriz de identidade.
Todas as vivências e experiências pelas quais passamos, são filtradas pelos nossos parâmetros, que influenciam o nosso olhar. Portanto não existe uma única realidade, existem inúmeras formas de entender e compreender a mesma situação. Como diz o jargão popular: “depende do ponto de vista”. A individualidade poderia ser vista como essa forma particular de sentir, perceber e decodificar o mundo que nos cerca. Para podermos exercitá-la e desenvolve-la é necessário respeito.
Estou definindo como respeito a capacidade de permitir ao outro “ser”, expressar suas particularidades, suas características genuínas, seu potencial criativo e espontâneo; trata-se da aceitação do outro como ele é.
Para isso precisamos de coragem e humildade, para perceber que existem várias verdades e em diferentes ordens hierárquicas, ou seja, o que é importante para você pode ser importante para mim, não necessariamente na mesma ordem, ou pode simplesmente não ser; por se tratar de valores ou visões diferentes.
As pessoas não são feitas à ”nossa imagem e semelhança”, são diferentes, pois são resultado de sua própria história, e de suas singularidades. Quem te disse que o seu certo é o certo? O egoísta só se relaciona consigo mesmo, não percebe o outro, porque seu olhar está confuso, perdido na própria imagem.
O auto-respeito é diferente do egoísmo. Desenvolvemos nossa capacidade de nos relacionar de forma saudável, no difícil aprendizado de assumir gradativamente a responsabilidade por nossa própria vida, por nossas escolhas e por nossas características boas ou não.
Paralelamente descobrimos a importância do outro em nosso desenvolvimento e sua influência em nosso crescimento emocional.
A pessoa que respeita a própria individualidade percebe que existe independente do outro, ela é, mas ao mesmo tempo torna-se interdependente do meio, numa relação de troca, numa dança delicada e prazerosa.
Enviado por Rosani Gomes do blog Fragmentos de Uma Alma Perfumada (http://rosani22.blogspot.com/)
15 comentários:
Maria José,
Acredito que no lugar da individualidade, deveria se colocar como personalidade. Pois o que vivemos hoje é a personalidade que criamos nesta vida. Soma-se a educação que tivemos, as tendências que trazemos, mas principalmente pelas escolhas que realizamos. Creio que viver em função dos outros, é afinal, alguém sem personalidade, sem identidade enquanto que aquele que segue a própria consciência, é alguém que se encontrou através do auto-conhecimento, que se aceitou e vive em funçaõ de seus valores, isto é, compreendendo a sim mesmo para melhor compreender o próximo. Como se diz, ninguém dá de si o que não tem, como amar se não se ama, como perdoar se não se perdoa, como valorizar sem se valorizar.
Estamos reencarnados para desenvolvermos a nossa personalidade para cada vez mais chegarmos próximos da nossa individualidade.
Meu Anjo,
Deixo, como sempre, um beijo cheio de carinho em teu coração,
Jorge
Muito obrigado pelo post. Estou em um processo de definições de personalidade, em prol do aprimoramento da minha individualidade. Particularmente, acredito que estamos ainda muito longe de conseguirmos viver por nós mesmos. Muitos invertem o entendimento sobre o papel do sacrifício e da doação: como comentado no texto, ninguém dá o que não tem, assim, não há proveito em viver para o outro se não aprendeu ainda a viver para si mesmo.
Uma frase que me vem à mente é a de Jesus ".. Seja quente ou seja frio, porque o morno eu vomitarei.."
Aquele que não consegue viver a si mesmo, e para isso passa a viver no outro (e creio que aqui cabe uma distinção entre viver no outro e viver para o outro), ainda não é capaz de suportar as suas imperfeições e por isso não consegue se amar.
Mas aquele que se ama e se compreende, aceita-se e sabe seu lugar no mundo já é capaz de servir ao viver, e ao faze-lo, consegue sentir o quanto é grande.
A diferença ainda é incompreendida, mas é radical.
Bom dia, Maria José!
Estou aprendendo a dizer não para o outro , quando significa um sim pra mim. Antes eu dizia sempre sim e no fundo não queria fazer ou emprestar algo, agora , mudei e muitos estão dizendo que estou egoista. E não é verdade, estou dando atencão ao que sinto, se quero realmente fazer aquilo, estou mais leve.
Caminhado e aprendendo com a vida e com os textos dos amigos, como o seu
Um dia iluminado, beijos
Maria José!
Que tenha sorrisos,
suspiros
e abraços.
Sinta pelo menos uma gota de alegria,
Desfrute do caminho,
conte os seus passos.
Olhe o céu,
as nuvens brancas
Sinta o vento soprando o rosto
Renove as velhas esperanças
Prove novos sabores,
um novo gosto.
Distraia-se, não faça nada
Pelo menos, um minuto esqueça
Das vozes,
dos sons,
das estradas...
Ore, por aquele que mereça.
Se doe, de alma e coração
Ou não, mas também não faça nada mau.
Olhe nos olhos, deixe fluir a emoção
Não perca, a paixão, pois o corpo é mortal.
O que temos são apenas sentimentos,
Vontades, desejos e sonhos.
Vivemos de bons momentos,
Fantasias, visões e planos.
Mas de nada vale,
se não temos um bom dia
Pois a vida é a soma de cada um
E na soma dos dias,
o saldo positivo é o que tem de ficar.
Então... que você tenha um ótimo dia!
beijooo.
Oi Amiga,
Que voce tenha um final de semana especial.
Beijo.
Individualidade e egoismos são irmãos que tornam os corações vazios e tristes.
O mundo está precisando de amor.
Falando em individualidade e egoísmo, lembrei de uma citação de Édson Marques que diz:
"Existem pessoas que dizem amar, mas na verdade cometem práticas totalitárias e ditatoriais contra o ser amado: suprimem a liberdade, querem que o outro preste contas dos seus atos, e que faça um relatório até do que possa estar pensando. Exigem que o outro altere seus planos de vida, isole-se do mundo, renegue suas convicções, abandone seus desejos, afaste-se dos amigos e destrua a sua própria personalidade. Existem pessoas que controlam o "ser amado", de uma forma irracional. Se pudessem, instalariam câmeras de vídeo no coração do outro. Viram carcereiros. Desrespeitam a privacidade do outro. Vigiam. Jogam o jogo do poder, praticam chantagem emocional, agarram, prendem, oprimem, sufocam.
E chamam isso de amor... "
Estou gostando muito do seu blog...
Bjs no seu coração!
Olá querida obrigada por todas mensagens de apoio.
Te amo em Cristo!!!
Tem um selinho com direito a premio aguardando por v/c no Louvor a Deus.
Beijos no coração.
Eliane
Um texto muito bom e bastante reflexivo. creio que não é egoísmo não. Quando penso, sinto e faço a mesma coisa estou em equilibrio comigo portanto digo sim pra mim e não para o "outro" quando necessário. Aprender a dizer "não" é se respeitar e se amar em primeiro lugar,afinal, ningué dá o que não tem né?! bjão
Olá querida amiga
Belo texto, mas ainda acho que um pouquinho de cada, é bom.
Com muito carinho BJS.
Beijos e bom fds.
Como sempre texto para refletir.*****
María José
Siempre es un placer leer las reflexiones que siemrpe nos traes.
Un abrazo
Querida irmã Maria José!
Texto muito importante para os dias atuais, nos quais muitos de nós perambulamos por caminhos que muitas vezes não são os que gostariamos, mas são os que a sociedade rotulou como corretos para seguirmos.
Confesso que acho dificil expressar e viver o dia a dia da forma como gostaria de ser. Pode ser uma questão a ser trabalhada na minha vida, quem sabe..., mas, verdade é, que muitas vezes na busca de expressar a nossa individualidade, acabamos nos tornando egoistas.
Concordo com o Jorge, que a palavra, ou antes, o conceito mais adequado, pelo menos no meu modesto entendimento, deveria ser personalidade e não individualidade.
Beijos e muita paz!
Um final de semana repleto de luz.
Que Jesus te abençoe sempre para que você continue a ser essa bênção de amor que irradia paz, carinho e compreensão por onde passa.
Sempre juntos em Jesus.
Ben
Um tema maravilhoso, até melhor que chocolate, amei. Beijo.
Gostei muito do seu blog, parabéns.
Postar um comentário