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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

APENAS ME TOQUE


Se sou seu bebê, por favor, me toque. Preciso de seu afago de uma maneira que talvez nunca saiba. Não se limite a me banhar, trocar minha fralda e me alimentar, mas me embale estreitado, beije meu rosto e acaricie meu corpo. Seu carinho gentil, confortador, transmite segurança e amor.
Se sou sua criança, por favor, me toque. Ainda que eu resista e até o rejeite. Insista, descubra um jeito de atender minha necessidade. Seu abraço de boa noite ajuda a adoçar meus sonhos. Seu carinho de dia me diz o que você sente de verdade.
Se sou seu adolescente, por favor, me toque. Não pense que eu, por estar quase crescido, já não precise saber que você ainda se importa. Necessito de seus braços carinhosos, preciso de uma voz terna. Quando a vida fica difícil, a criança em mim volta a precisar.
Se sou seu amigo, por favor, me toque. Nada como um abraço afetuoso para eu saber que você se importa. Um gesto de carinho quando estou deprimido me garante que sou amado, e me reafirma que não estou só. Seu gesto de conforto talvez seja o único que eu consiga.
Se sou seu parceiro sexual, por favor, me toque. Talvez você pense que sua paixão basta, mas só seus braços detêm meus temores. Preciso do seu toque terno e confortador, para me lembrar de que sou amado apenas porque eu sou eu.
Se sou seu filho adulto, por favor, me toque. Embora eu possa até ter minha própria família para abraçar, ainda preciso dos braços de mamãe e papai quando me machuco. Como pai, a visão é diferente, eu os estimo mais.
Se sou seu pai idoso, por favor, me toque. Do jeito que me tocaram quando eu era bem pequeno. Segure minha mão, sente-se perto de mim, dê-me força, e aqueça meu corpo cansado com sua proximidade. Minha pele, ainda que muito enrugada, adora ser afagada. Não tenha medo, apenas me toque...

2 comentários:

Edson Carmo disse...

Que pena que durante nossos dia-a-dia a maioria dos toques são de defuntos: aperto de mão morto, abraço também – tudo mecanizado por uma tal de educação. Antigamente o toque era com sentimento, agora quase sempre é comprimento. E assim a energia afetuosa está cada vez mais distante.

Edson Carmo

Maria José Rezende de Lacerda disse...

É verdade, Edson, a sociedade nos impõe certas regras de conduta que devemos seguir, pois afinal vivemos em sociedade. Mas, felizmente, para os amigos, podemos nos dar o prazer de abraçar bem forte, indicando o quanto os amamos.
Abraços fraternos, obrigada pelos comentários e fique com Deus.