Hoje ela chegou cedo, fiz
um chá bem quente porque estava gelada de frio.
Ela sentou ao meu lado e
conversamos hora a fio, eu chorei, ela chorou comigo,
segurou minha mão quando
eu achei que fosse morrer de tanto que ela doía
não só fora, mas
dentro de mim.
Perguntei por que ela
tinha que machucar tanto, ela disse que nem sempre é assim.
Tem ocasiões em que ela
não machuca muito, apenas faz alguns arranhões.
Mas eu queria entendê-la,
queria matá-la, queria mandá-la para bem longe do meu alcance,
onde ela não pudesse mais
me ferir. Não queria dar minha face a bater, não mais.
Eu queria de qualquer
jeito me livrar dela,
mas ela me abraçou e pude
sentir meu coração trincar de tão gélido que ficou.
Podia senti-la em minha
entranhas, correndo no meu sangue.
Achei que não ia mais
suportar aquilo tudo que tinha se transformado num duelo.
Já não tinha de onde tirar
forças, quando num sobressalto peguei o telefone,
disquei um número velho
conhecido e num susto ela explodiu e virou pó na minha mente.
Meu coração voltou a se
acalmar e ficar bem quentinho ao som da voz do outro lado da linha.
Dessa vez eu consegui me
livrar da saudade,
mas sei que haverá vezes
em que não terei para onde ligar
e terei que recorrer às
minhas lembranças, ao eu coração.
Espero poder encontrar a
força suficiente para vencer esses momentos.
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