Conta-se que certa vez um mercador grego, rico, ofereceu um banquete
com comidas especiais. Chamou seu
escravo e ordenou-lhe que fosse ao mercado comprar a melhor iguaria.
O escravo retornou com belo prato. O mercador removeu o pano e assustado
disse:
- Língua? Este é o prato mais delicioso?
O escravo, sem levantar a cabeça, respondeu:
- A língua é o prato mais delicioso, sim senhor. É com a língua que
pedimos água, dizemos ‘mamãe’, fazemos amigos, perdoamos. Com a língua reunimos
pessoas, dizemos ‘meu Deus’, oramos, cantamos, dizemos ‘eu te amo’.
O mercador não muito convencido, quis testar a sabedoria de seu
escravo, e o mandou de volta ao mercado, desta vez para trazer o pior alimento.
O escravo voltou com um lindo prato, coberto por fino tecido. O mercador,
ansioso, retirou o pano para conhecer o pior alimento.
- Língua, outra vez? Disse, espantado.
- Sim, língua, respondeu o escravo.
É com a língua que condenamos, separamos, provocamos intrigas e ciúmes,
blasfemamos. É com ela que expulsamos, isolamos, enganamos nosso irmão,
xingamos pai e mãe.
Não há nada pior que a língua; não há nada melhor que a língua. Depende
do modo que a usamos.
Muitos males têm sido causados por uma só palavra ou frase proferida.
Diz um ditado que ‘falar é prata, calar é ouro’. Palavras ferem, matam, magoam,
semeiam dúvidas, fazem pecar, geram ódio e, muitas vezes, quem diz o que quer,
ouve o que não quer.
Uma palavra, uma frase, podem doer mais que a dor física. A dor física
pode cessar com um medicamento, mas a dor provocada por uma palavra ou frase,
muitas vezes nem o tempo apaga e, quando apagada, costuma deixar cicatrizes.
O piloto de um navio dirige-o para qualquer direção controlando um
pequeno leme. Da mesma forma um cavalo é dirigido por nós quando lhes pomos
freios na boca.
Que possamos usar nossa língua para dizer o quanto amamos nossos entes
queridos e amigos; para perdoar a quem nos ofende, para pedir perdão a quem
ofendemos, para oferecer ajuda ao necessitado, para elogiar, para ensinar, para
proclamar a paz, para repelir a guerra, as fofocas, as intrigas, a inveja, a
maledicência.
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