Ser sensível nesse mundo requer muita coragem.
Muita. Todo dia. Esse jeito de ver além dos olhos, de ouvir além dos ouvidos,
de sentir a textura do sentimento alheio, tão clara, no próprio coração. Essa
sensação, às vezes, de ser estrangeiro e não saber falar o idioma local, de ser
meio ET, uma espécie de sobrevivente de uma civilização extinta. Essa intensidade
toda em tempo de ternura minguada. Esse amor tão vívido em terra em que a
maioria parece se assustar mais com o afeto do que com a indelicadeza. Esse
cuidado espontâneo com os outros. Essa vontade tão pura de que ninguém sofra
por nada. Esse melindre de ferir por saber, com nitidez, como dói ser ferido.
Ser sensível nesse mundo requer muita coragem.
Muita. Todo dia. Essa saudade, de fazer a alma marejar, de um lugar que não se
sabe onde é, mas que existe. Essa possibilidade de experimentar a dor, quando a
dor chega, com a mesma verdade com que experimenta a alegria. Essa incapacidade
de não se admirar com o encanto grandioso que também mora na sutileza. Essa
vontade de espalhar buquês de sorrisos por aí, porque os sensíveis, por mais
que chorem de vez em quando, não deixam adormecer a ideia de um mundo que possa
acordar sorrindo. Pra toda gente.
Eu até já tentei ser diferente, por medo de doer,
mas não tem jeito: só consigo ser igual a mim.
2 comentários:
Lindo, Maria José!
Essa sensibilidade que nos faz diferentes e
por mais que se tente, não conseguimos ser
diferentes... também gosto de ser "eu", não
consigo me ver diferente.
Obrigada, texto ótimo para reforçar o que
somos...
Abraços carinhosos
Maria Teresa
Eu tenho uma sensibilidade alta não acho bom não, quem é assim sofre demais.
Não sei ser diferente já mudei muito mas a essência não perco.
bjokas =)
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