Chega uma hora, uma bendita hora, em que acontece
algo que, embora não aparente de imediato, pode ser a melhor notícia da
temporada, a mais promissora, desde que não nos estreite os olhos, nem congele
o coração: a gente se cansa.
De algumas coisas. De um monte delas. Das ilusões.
De se apertar pra caber em autoimagens que, na
maioria das vezes, não têm nada a ver com a gente. Cansa de ficar à mercê da
felicidade que parece acontecer só de fora pra dentro.
Nem todo cansaço é ruim.
Há cansaço que destranca. Há cansaço que liberta.
Há cansaço que é quase descanso, um pouquinho só dali. Há cansaço que é lume,
depois de tanto suposto incansável breu. Há cansaço que cria espaço para
harmonizarmos nossos passos com o caminho da nossa alma outra vez, o ego
momentaneamente vencido. Há cansaço que sorri para as nossas dores, conhecedor
da mágica capaz de fazê-las afrouxar: soltar.
Nem todo cansaço é ruim.
Há cansaço que cria intervalos preciosos, férteis
de transformação. Há cansaço que nos torna mais parecidos com nós mesmos, de
novo ou pela primeira vez, e mais próximos do lugar em nós onde pulsa o que
nunca se cansa. Há cansaço que nos leva ao instante, em que, exaustos,
reverenciamos a vida e dizemos para ela mais ou menos assim:
- Entrego o meu cansaço, farta de perceber que, por
mais que eu tente, não tenho controle com relação a tudo àquilo que, de
verdade, importa. Eu me rendo à sua sabedoria, que me habita, embora tantas
vezes eu esqueça. Por favor, me ensina a simplesmente fluir com você. Por
favor, me ensina a simplesmente fazer florir as sementes que você me confia.
Por favor, me ensina a simplesmente ser.
De preferência, sem muito cansaço.
Um comentário:
Olá, Maria. Bom fim de tarde! Muito claro a avaliação, pois nos sentimos as vezes tão cansados de tudo. não devemos nos abater e sim procurar novas formas para mudar nossa vida, ter esperança. O cansaço passa!! Obrigada por partilhar. Bjos e uma semana de paz e muita alegria no seu coração.
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