As pessoas amam bem mais a expectativa do amor
possível, que o amor propriamente dito. Daí a intensidade dos impulsos
bloqueados, os que estão impedidos de expansão e movimento na direção do objeto
amado. Os "grandes amores" da literatura são grandes, não por serem
amores, mas por serem impossíveis. Já os grandes amores da vida real só quem
sente é que sabe. A impossibilidade de dimensionar um impulso afetivo carrega
de energia a fantasia. E esta se encarrega de dar dimensão ao que o exercício
da relação, talvez, tirasse. Na paixão impossível só estão as projeções do que
idealizamos, pretendemos ou não conseguimos viver em nosso cotidiano. Daí ser
fácil entender sua força, sua obsessiva presença na cabeça dos enamorados. É
por isso, aliás, que só é musa quem é inatingível. Case-se com a sua musa e
acordará com uma jararaca... Case-se com quem ama e será feliz. Quer se ver
livre de uma paixão colossal? Vá viver com a pessoa objeto da paixão (observem,
por favor, que não estou usando a palavra amor). Aliás, já está nos clássicos
e, mesmo, antes destes, nos antigos: "A conquista enobrece e a posse
avilta". Ou, como dizia Goethe: "Nas batalhas da paixão, ganha aquele
que foge". Quantas vezes as relações humanas terminam ou se interrompem sem
terem esgotado o potencial de possibilidades adivinhadas, intuídas, sentidas.
Aí, o que não se esgotou clama por vir à tona e, muitas vezes, ameaça ocupar (e
às vezes ocupa, efetivamente) todo o "ego". Não é por outra razão que
o apaixonado é o maior dos egoístas. Ao dedicar tudo ao objeto da paixão, está
é alimentando a própria necessidade, seja de sofrimento, de idealização, de
felicidade ou fantasia. Entupido de impossibilidades, ele clama. E a isso
muitos chamam amor. Mas amor é coisa muito diversa... Amor não clama nem reclama:
amor dá.
3 comentários:
Que lindo e verdadeiro,Maria José.
Amor se dá sem nada cobrar.
Amei.
Estou com saudades de suas visitas,amiga.
Beijos e uma semana de alegrias
Donetzka
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Blog Magia de Donetzka
oi minha amiga,
amor é mesmo mágico,
quanto mais se dá,
mais se recebe,
não necessita de cobrança...
beijinhos
Magnífico texto sobre o amor.
É talvez o tema mais abordado, mas ainda assim não se esgota...
Bom resto de semana, querida amiga Maria José.
Beijo.
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