Temos todos essa enorme
capacidade de absorver do mundo o que nos é conveniente e ignorar o que não nos
convém. Vemos o que queremos ver, ignoramos o que queremos ignorar, somos
capazes de ouvir sem ouvir e ver sem enxergar.
Nos criamos
voluntariamente ilusões, mergulhamos no silêncio ou nas nuvens quando isso nos
é conveniente. E nos apaixonamos quando a alma, carente, tem sede.
Melhor, muito melhor
viver dos sonhos que da dura realidade. Neles tudo é perfeito, sem máculas, sem
as dores que nos fazem acordar.
É a rotina que mata as
verdadeiras relações e, sem querer encontrar uma desculpa para os desvios
sentimentais, faz com que as pessoas anseiem por algo além.
Salvo exceções, o
romantismo desaparece com o tempo. Os príncipes já não são assim tão
cavalheiros e as princesas voltam pra casa bem antes do toque da meia-noite.
O que vemos todos os
dias, vemos há tanto tempo que já nem percebemos mais.
Ai!... Quantos enganos e
desenganos porque o coração não soube olhar para o interior de si mesmo!
Quantas noites perdidas, carinhos recusados, desejos sufocados, porque as
pessoas se esquecem de guardar a magia de um amor que chegou um dia!
Somos todos abertos aos
sonhos, senão a vida seria um caminhar sobre pedras. Temos todos, confessado ou
não, esse pedacinho de romantismo dentro de nós que ora aflora, ora se esconde.
Mas esse romantismo deve
nos deixar abertos aos sonhos e construção de um relacionamento bonito, não
deve nos perder.
Não são as coincidências
que encontramos em toda nova relação que nos provam os sentimentos reais e sim
as divergências que sabemos ver com maturidade e as quais tentamos resolver.
Quem ama machuca e
machuca-se vez ou outra e isso é inevitável, porque justamente são os que
amamos mais que possuem maiores poderes sobre nosso coração.
As roseiras sem espinhos
são manipulações do homem e muitos relacionamentos são manipulações do nosso eu
que busca de forma desesperada sonhos perdidos. Quanto mais sonhamos, mais nos
distanciamos da realidade e maior será a ferida quando dia ou outro
precisaremos acordar.
Só o verdadeiro amor sabe
continuar inteiro depois de ter sofrido as provações destinadas a ele. E esse
que não se quebrou é o que realmente vale a pena.
Ele não é uma ideia, é um
sentimento, é a voz da alma, é o que não sabemos explicar, mas que pulsa assim
mesmo. Ele vê, abre-se e aceita. Ele dói e sangra, mas segue em frente, vence
os anos e as diferenças.
Duas ou três vezes mais
olhe para o que você tem nas mãos! Acorde de mansinho o romantismo escondido no
seu coração e dê uma oportunidade a ele.
Se preciso, reaprenda a
arte de seduzir e vá ao encontro daquele amor que conhece seus pormenores,
aquele que sabe suportar seu mal humor e cara da manhã seguinte. Aquele que te
conheceu doente e feliz e te deu a mão para atravessar uma estrada.
A vida não é feita de
sonhos, mas muitos dos nossos sonhos podemos oferecer à vida. Isso só depende
de nós.