O primeiro olhar é aquele momento
em que a vida passa da sonolência para a alvorada. É a primeira chama que
ilumina o íntimo mais profundo do coração. É a primeira nota mágica arrancada
das cordas de prata de um sentimento que poderá nascer. É aquele momento
instantâneo em que se abrem diante da alma as crônicas do tempo, e se revelam
aos olhos as proezas da noite, e as vozes da consciência.
Ele é que abre os segredos da
eternidade para o futuro. É a semente lançada, e espargida pelos olhos do ser
amado na paisagem do amor, depois regada e cuidada pela afeição, e finamente,
colhida pela alma.
Nada mais cheio de esperança do
que o primeiro olhar. Nenhuma expectativa vã, pois não se teve tempo de esperar
ainda. Nenhum sentir fugaz, pois ainda não chegou o tempo de sentir.
Nada interfere no primeiro olhar,
durante os infinitos segundos que sobrevive. Não dá tempo. Não há espaço.
Apenas olhares que se interpenetram pela primeira vez. O que buscam ao
deixarem-se perder? O que dizem? Quanto dizem? Respostas que não virão.
Mesmo que após este, se sigam
muitos outros, que os olhos decidam por enamorar-se, e que se visitem
diariamente em cada aurora, a lembrança do primeiro fica na retina da alma, na
história do Espírito. E quantos ‘primeiros olhares’ neste exato instante do
tempo?
Quantas vidas alvorecem com eles
enquanto observamos os carros apressados? Enquanto miramos janelas, pessoas.
Enquanto consideramos – apenas, então, somente.
Quantas novas chances para a vida
são dadas com esses arroubos singelos e transparentes? Quantas novas forças,
novas oportunidades, visões novas sobre um mundo velho? Quantos reencontros
velados pelo esquecimento da memória, se entregam pela lembrança do coração? O
que seria do amor sem o primeiro olhar?
Celebremos o amor que nasce, o
amor que promete, o amor potencial. Celebremos o germe da mesma forma que
festejamos o fruto doce. Exaltemos o vontade de ser borboleta, encontrada na
lagarta que nasce. Festejemos cada novo amor, da mesma maneira que exultamos ao
receber no mundo uma criança.
Não nos deixemos levar pelo
pessimismo destruidor de corações partidos, que ainda não permitiram que o
tempo cicatrizasse suas chagas. Não desistamos tão facilmente das
potencialidades humanas, debaixo de expressões autofágicas como: ‘Não tem
jeito’. ‘Está cada vez pior.’ ‘É o fim de tudo.’ Acreditar no amor que está por
vir é crer na sobrevivência da vida, e lutar por ela.
‘O amor é de essência divina e
todos vós, do primeiro ao último, tendes, no fundo do coração, a centelha desse
fogo sagrado.’
‘O amor está por toda parte na
natureza, que nos convida ao exercício da nossa inteligência. Até no movimento
dos astros o encontramos.’
É o amor que torna a natureza de
seus ricos tapetes. Ele se enfeita e fixa morada onde se lhe deparem flores e
perfumes. É ainda o amor que dá paz aos homens, calma ao mar, silêncio aos
ventos e sono à dor.
4 comentários:
O AMOR tem fortes poderes. E é ele que intensifica não somente o primeiro olhar, mas todos os olhares subsequentes...
Um grande abraço, minha amiga!!!
Querida amiga
Penso que muito
da alegria
se perde,
quando não
conseguimos
sentir
ou imaginar o amor.
Celebrá-lo
é ao mesmo tempo
uma alegria
e também um
reencontro.
Que em teu coração,
a alegria faça morada...
Paso a saludarte…
Vestida de felicidad,
Con rosas de paciencia
Y aromas de prudencia.
Deseando…
Que el fin de semana valla pasando
Enarbolando,
Los sueños que te vallan rozando.
Atte.
María Del Carmen
Sábia! O primeiro olhar faz com que nos reconheçamos como seres que precisam se unir ou não.
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