Páginas

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

UMA VIDA, DUAS VIDAS, UM SORRISO


Foi durante a guerra civil na Espanha. Antoine de Saint-Exupéry, o autor de O pequeno príncipe, foi lutar ao lado dos espanhóis que preservavam a democracia.
Certa feita, caiu nas mãos dos adversários. Foi preso e condenado à morte.
Na noite que precedia a sua execução, conta ele que foi despido de todos os seus haveres e jogado em uma cela miserável.
O guarda era muito jovem. Mas era um jovem que, por certo, já assassinara a muitos. Parecia não ter sentimentos. O semblante era frio.
Vigilante, ali estava e tinha ordens para atirar para matar, em caso de fuga.
Exupéry tentou uma conversa com o guarda, altas horas da madrugada. Afinal, eram suas últimas horas na face da Terra. De início, foi inútil. Contudo, quando o guarda se voltou para ele, ele sorriu.
Era um sorriso que misturava pavor e ansiedade. Mas um sorriso. Sorriu e perguntou de forma tímida:
Você é pai?
A resposta foi dada com um movimento de cabeça, afirmativo.
Eu também, falou o prisioneiro. Só que há uma enorme diferença entre nós dois. Amanhã, a esta hora eu terei sido assassinado. Você voltará para casa e irá abraçar seu filho.
Meus filhos não têm culpa da minha imprevidência. E, no entanto, não mais os abraçarei no corpo físico. Quando o dia amanhecer, eu morrerei.
Na hora em que você for abraçar o seu filho, fale-lhe de amor. Diga a ele: "Amo você. Você é a razão da minha vida." Você é guarda. Você está ganhando dinheiro para manter a sua família, não é?
O guarda continuava parado, imóvel. Parecia um cadáver que respirava.
O prisioneiro concluiu: Então, leve a mensagem que eu não poderei dar ao meu filho.
As lágrimas jorraram dos olhos. Ele notou que o guarda também chorava. Parecia ter despertado do seu torpor. Não disse uma única palavra.
Tomou da chave mestra e abriu o cadeado externo. Com uma outra chave abriu a lingueta. Fez correr o metal enferrujado, abriu a porta da cela, deu-lhe um sinal.
O condenado à morte saiu apressado, depois correu, saindo da fortaleza.
O jovem soldado lhe apontou a direção das montanhas para que ele fugisse, deu-lhe as costas e voltou para dentro.
O carcereiro deu-lhe a vida e, com certeza, foi condenado por ter permitido que um prisioneiro fugisse.
Antoine de Saint-Exupéry retornou à França e escreveu uma página inesquecível: Uma vida, duas vidas, um sorriso.

* * *Tantas vezes podemos sorrir e apresentamos a face fechada, indiferente. Entretanto, as vozes da Imortalidade cantam. Deus canta em todo o Universo a glória do amor. Sejamos nós aqueles que cantemos a doce melodia do amor, em todo lugar, nos corações. Hoje mais do que ontem, agora mais do que na véspera quebremos todos os impedimentos para amar
.

13 comentários:

Anne Lieri disse...

Maria José,que história mais linda e comovente!Uma lição de vida para todos nós!Amei!Bjs,

Bloguinho da Zizi disse...

Maria José
O homem mostra no rosto hoje uma carranca, indicando o que lhe vai na alma. Tristeza, decepção, frustração, tudo isso por conta do ego que não se satisfaz com nada.
E assim, se esquece que o sol brilha, o céu ainda é azul, há pássaros voando e flores perfumando o caminho, há crianças brincando e esperando uma palavra de carinho, um afeto.
Um sorriso faz muita diferença para aquele que conseguir sorrir, como coração.

Sergio disse...

Hola Maria José,

que historia maravillosa!
Me encantó!

Gracias por compartir.

Saludos argentinos,

Sergio.

Kelly Kobor Dias disse...

Lindo post, amar sempre!!! bj

José Sousa disse...

Querida amiga, adoro vir aqui apsar de ser poucas vezes por falta de tempo, mas o seu espaço é cultural. Quando venho aproveito para lêr vários postes.

Um beijo

Anônimo disse...

MARIA JOSÉ: Já conhecia o texto por ser espírita. Mais uma vez fica evidenciado que o AMOR É O MAIOR DE TDS OS SENTIMENTOS, e sabemos disso, não é meu amor? Sendo ó único sentimento pregrado pelo Mestre dos Mestres, será sempre o vencedor. Complementando o texto, acrescento:
"Ao termos a fisionia, fechada, carrancuda, movimentamos tds os músculos da face; E ao sorrirmos, APENAS 16. Ao menos por economia, SEMPRE SORRIA! Bjs. Roy Lacerda.

Jorge disse...

Família: há algo mais importante que ela? E os filhos? O que dizer?

Lindo Anjo, excelente texto!!!

Um beijo

Ben disse...

Querida irmã Maria José, paz!

Texto maravilhoso, parabéns pela escolha.
Acabei de deixar um comentário sobre o amor no espaço de uma querida amiga e creio seria importante fazê-lo aqui também.

Que dizer do amor? Reverenciado em verso e prosa pelos quatro cantos do mundo, mas tão distante de tantos corações que anseiam por um momento que seja de receber suas carinhosas vibrações. Por menor seja tem o poder de produzir vida em um coração aflito e esperançoso.
Que dizer do amor? Fico com a declaração de Paulo aos Coríntios quando declara que o verdadeiro amor é: “paciente, benigno; não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba;”(I Coríntios 13.4-8).
O amor é nosso objetivo maior e ao procurar uma definição para Deus, o apóstolo João simplesmente declarou: “Deus é amor” (I João 4.8).
É querida irmã, vale a pena perseguir o amor, pois ao fazê-lo estaremos nos aproximando cada vez mais daquele que é a expressão máxima do amor de Deus: Jesus, nosso irmão e Mestre maior.
Muita paz querida e obrigada por sua amizade e envolvimento nos trabalhos que desenvolvemos.
Ben

Mafalda S. disse...

Seguindo o teu conselho, vou tentar imprimir amor em tudo o que faço.

O texto é maravilhoso, como disse a Anne: uma lição de vida.

Beijos

Penélope disse...

Èxupèry sempre teve essa capacidade imensurável de tocar as pessoas através do AMOR.
Abraços,Maria

Edward de Souza disse...

Querida amiga Maria José, gosto muito dos seus textos, ótimos!
Minha mensagem do dia: A felicidade é um bem. Equivale a uma ética de bens e fins. É identificada com a virtude, a sabedoria, o prazer e a prosperidade. É, segundo São Tomás, um bem perfeito de natureza intelectual. Não é simplesmente um estado de alma, mas algo que a alma recebe de fora. É justo, pois, buscar a felicidade. Cabe a nós abrir a porta para que ela entre.

Bjos,

Edward de Souza

ursula disse...

As vezes basta a gente se colocar no lugar do outro né?
beijos
ursulaferraricoach.wordpress.com

Beto72 disse...

Maravilhoso Maria José

Quantos humanos deixam de ser humanos devido à profissão e à necessidade de ganhar a vida. Na própria educação encontramos tantos que se tornam apenas profissionais e deixam de ser humanos, não vêem alí naquelas vidinhas nada mais que números e notas.
Um abraço