Eu costumava usar cabelo comprido na infância. E também costumava entrar e sair da loja de meu pai, porque a loja e a minha casa eram ligadas. A casa ficava atrás da loja e não havia outro jeito a não ser atravessá-la.
As pessoas perguntavam, "Quem é aquela garota?" — por causa do meu cabelo comprido. Elas não imaginavam que um menino pudesse ter um cabelo tão comprido.
Meu pai ficava embaraçado e com muita vergonha ao dizer, "Ele é um menino".
— Mas — ele implicava ao me ver —, para que todo esse cabelo?
Um dia — isso não era próprio dele — meu pai ficou tão embaraçado e zangado que me pegou e cortou ele mesmo o meu cabelo. Pegou a tesoura que usava para cortar tecido na loja e cortou o meu cabelo. Eu não disse nada — e ele ficou surpreso. Então disse:
— Você não tem nada a dizer?
— Direi à minha própria maneira — respondi.
— Como assim?
— Você verá.
Fui então ao barbeiro, viciado em ópio, que havia bem em frente da nossa casa. Ele era o único homem por quem eu tinha respeito. Havia várias barbearias, mas eu gostava daquele velho. Ele era uma variedade rara; e gostava muito de mim; costumávamos conversar durante horas.
Então fui lá e disse a ele:
— Raspe a minha cabeça.
Na Índia, as pessoas só raspam a cabeça toda quando o pai morre. Por um momento, até aquele homem viciado em ópio recobrou o juízo.
— O que aconteceu? — perguntou. — Seu pai morreu?
— Não me aborreça com perguntas — respondi. — Faça o que estou dizendo; não é da sua conta! Simplesmente corte todo o meu cabelo, raspe tudo.
— Está certo, não é da minha conta. Se ele morreu, morreu.
Ele raspou a minha cabeça e eu fui para casa. Atravessei a loja. Meu pai olhou para mim e todos os clientes fizeram o mesmo.
— O que aconteceu? — perguntaram. — Quem é esse menino? O pai dele morreu?
— Ele é meu filho e estou bem vivo! — respondeu meu pai. — Mas eu sabia que ele ia fazer alguma coisa. Deu-me uma boa resposta.
Aonde quer que eu fosse as pessoas perguntavam:
— O que aconteceu? Seu pai estava tão bem!
E eu dizia:
— As pessoas morrem com qualquer idade. Você está preocupado com ele, não está preocupado com os meus cabelos.
Essa foi a última coisa que meu pai me fez, porque ele sabia que a resposta poderia ser mais perigosa! Eu disse a ele:
— Você é que começou. Por que ficar tão embaraçado? Você poderia dizer: "Ela é minha filha". Eu não teria nenhuma objeção contra isso. Mas você não deveria ter interferido no meu jeito de ser. Foi violento, bárbaro. Em vez de falar comigo, você simplesmente começou a cortar o meu cabelo.
Ninguém deixa que alguém simplesmente seja quem é. E você aprendeu todas essas idéias tão profundamente que parecem que são suas.
Simplesmente relaxe. Esqueça todos os condicionamentos, jogue-os fora como as folhas secas que caem das árvores. É melhor ser uma árvore sem folhas do que ter folhas de plástico, galhos de plástico, flores de plástico; é tão feio.
Enviado por Rosani do blog “Fragmentos de Uma Alma Perfumada" (http://rosani22.blogspot.com/)
9 comentários:
O melhor é sermos autenticos e aprender a amar os nossos defeitos.
beijos querida amiga
Olá Amiga,
Um Feliz Ano Novo cheio de Luz e Paz para você e sua família.
Agradeço por tê-la conhecido e por ter acompanhado nosso blog de lutas ecológicas e pelos com seus comentários.
Beijinhos
Deixei um selo para você no meu blog. Beijos
OI TUDO BOM?
ESOTU PASSANDO PARA DESEJAR A VOCÊ E TODA A SUA FAMILIA UM ÓTIMO FINAL DE ANO...
BEIJOSSS...ADORUH O SEU BLOG...
Havia muito tempo eu não lia mensagem mais linda, tão profunda, ao menos pra mim pessoalmente. Igualmente à fábula, há dezenas de anos vivo "esse menino de cabelos longos" em mim... Meus pais já se Foram, é certo, mas ainda há em meu caminho quem bem próximo, d'sangue, insista "cortar-me os cabelos", mas eu resisto... "já raspei" minha a cabeça por esse.
Maria José!
Como foi o teu Natal, minha amiga? Espero que tenha sido muito gostoso e em paz!
Adorei a história do menino.
Tenha um ótimo final de semana!!!
Bjkas!!!
Dios los bendiga en esta Navidad, y les conceda alegrías, paz y felicidad.
Un Año Nuevo lleno de dicha y prosperidad es nuestro más cálido deseo para todos .
Isabel
Maravilhosa postagem
Um beijo grande.
"Se chovesse felicidade, eu lhe desejaria uma tempestade. Feliz Ano Novo!"
Oi querida,
Lindo texto! Sem dúvida alguma é melhor ser uma árvore sem folhas do que ter folhas de plástico!
Bom, passei tb pra te desejar um 2010 super iluminado e maravilhoso!!!
Em 2010 continuaremos a nossa caminhada de trazer mais luz e consciência.
Um grande beijo.
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