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sexta-feira, 1 de maio de 2009

SE...


Se você precisar de descanso, não descanse muito mais que o necessário, porque ferro parado enferruja, água estagnada apodrece... E além disso, talvez, mais tarde, falte tempo para terminar a tarefa da existência... E é trágico demais morrer inacabado.
Se você for alegre e feliz, não ria alto demais, para que a sua gargalhada não vá tornar mais doloroso o gemido de alguém na casa do lado.
Se, nas dores, você soluçar, faça-o baixinho, bem no fundo, bem lá dentro, para não apagar algum sorriso no semblante de alguém, no andar de cima.

Se você escorregar na estrada da existência e até mesmo cair mais de uma vez, não fique deitado no solo, clamando o destino, porque lhe falta muito caminho por andar e, além disso, você só vai atrapalhar a passagem dos outros que podem tropeçar no seu corpo caído... E se é triste cair, muito mais triste ainda é levarmos alguém na nossa queda.
Se algum dia, talvez, você perder a linha e der vazão ao grito, à cólera, à revolta, com ganas de quebrar o mundo ao seu redor, não arrebente tudo, porque atrás de você, vem muita gente ainda que deseja encontrar o mundo inteiro e belo.
Se você encontrar a semente ou a muda do raro arbusto da felicidade, não vá plantá-lo em seu quintal todo cercado, mas sim ao lado de um caminho freqüentado para que muitos possam descansar à sua sombra e comer seus frutos sem pagar.
Mas se encontrar apenas o caminho que leva a esta árvore bendita, não vá por ele sozinho: fique alerta e de pé, à entrada dele, com um braço estendido assim... como uma flecha, dizendo: “felicidade, amigo? ... É por aqui!” Não se incomode de ficar por último, porque toda pessoa que passar à sua frente vai dizer: “Obrigado” e dar-lhe um bom sorriso.
E quando, enfim, você chegar, depois de todos, condecorado, iluminado de sorrisos recebidos, verá que os outros estarão à sua espera para que você entre primeiro.

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