Um estudante do Zen
veio até Bankei e disse:
- “Mestre, tenho um temperamento incontrolável. Como
posso me curar disso?”
- “Mostre para mim esse temperamento, “ disse Bankei,
“pois ele me soa fascinante.”
- “Não estou
destemperado agora,” disse o estudante, “assim não posso mostrá-lo a você.”
- “Então,” disse
Bankei, “traga-o para mim quando você o tiver.”
- “Mas não posso trazê-lo quando este acontecer,” protestou o estudante. “É algo que surge inesperadamente, e certamente já o terei perdido antes de chegar até você.”
- “Mas não posso trazê-lo quando este acontecer,” protestou o estudante. “É algo que surge inesperadamente, e certamente já o terei perdido antes de chegar até você.”
- “Nesse caso,” disse
Bankei, ”Isso não pode ser parte de sua verdadeira natureza. Se fosse, você
poderia mostrá-lo para mim a qualquer momento. Quando você nasceu não tinha
esse temperamento, então isso deve ter vindo de fora. Sugiro que, sempre que
isso acontecer, você bata em si mesmo com uma vara até que o temperamento e o
descontrole irem embora. Mesmo quando a raiva estiver acontecendo, se você
tornar-se subitamente cônscio, ela desaparece. Experimente! Justo em meio a
tudo isso, quando seu sangue estiver fervendo e desejar matar alguém, nesse
exato momento torne-se consciente, e verá que alguma coisa mudou: você verá uma
pequena engrenagem dentro ‘encaixando’, você pode sentir o clique, seu ser
interior relaxou. Pode levar tempo para sua camada externa relaxar, mas o ser
interior já relaxou. A cooperação foi quebrada...agora você não está mais
identificado. O corpo levará algum tempo para descansar, mas bem fundo no
centro ,tudo está tranquilo.
A Percepção é
necessária, não a condenação. E através da percepção, a transformação acontece
espontaneamente. Se perceber sua raiva, o entendimento penetrará em você.
Apenas observando, sem nenhum julgamento, nem dizendo que é bom nem ruim, só
observando seu céu interior.
Há relâmpagos, há
raiva, você esquenta, todo o sistema nervoso se agita e você sente um tremor
pelo corpo inteiro – um belo momento, pois a energia ativa pode ser observada
facilmente. Quando esta não está ativa você não pode observá-la.
Feche os olhos e
medite sobre isso. Não lute, apenas olhe no que está acontecendo – o céu
inteiro cheio de eletricidade, tantos relâmpagos, tanta beleza. Deite-se no
chão e olhe para o céu e observe. Depois faça o mesmo dentro de você.
Alguém lhe insultou,
alguém riu de você, alguém disse isso ou aquilo... muitas nuvens, nuvens negras
no céu interior e muitos relâmpagos. Observe! É uma cena bonita – terrível
também, pois você não a compreende. É misteriosa e, se o mistério não for compreendido,
torna-se terrível, você fica com medo dele. E sempre que um mistério é
compreendido, torna-se uma graça, um presente, pois agora você possui as
chaves, e com elas, você é o mestre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário