Quando menino eu vivia brigando
com meus companheiros de brinquedos. E voltava para casa lamuriando e
queixando-me deles. Isto ocorria, as mais das vezes, com Beto, o meu melhor
amigo.
Um dia, quando corri para casa e
procurei mamãe para queixar-me do Beto ela me ouviu e disse o seguinte:
- Vai buscar a sua balança e os
blocos.
- Mas, o que tem isso a ver com
Beto?
- Você verá. Vamos fazer uma
brincadeira.
Obedeci e trouxe a balança e os
blocos. Então ela disse:
- Primeiro, vamos colocar neste
prato da balança um bloco para representar cada defeito do Beto. Conte-me quais
são.
Fui relacionando-os e certo
número de blocos foi empilhado daquele lado.
- Você não tem nada mais a dizer?
Eu não tinha e ela propôs:
- Então você vai, agora, enumerar
as qualidades dele. Cada uma delas será um bloco no outro prato da balança.
Eu hesitei, porém ela me animou
dizendo:
- Ele não deixa você andar em sua
bicicleta? Não reparte o seu doce com você?
Concordei e passei a mencionar o
que havia de bom no caráter de meu amiguinho. Ela foi colocando os blocos do
outro lado.
De repente eu percebi que a
balança oscilava. Mas vieram outros e outros blocos em favor do Beto.
Dei risada e mamãe observou:
- Você gosta do Beto e ficou alegre
por verificar que as suas boas qualidades ultrapassam os seus defeitos.
Isso sempre acontece, conforme
você mesmo vai verificar ao longo de sua vida.
E de fato. Através dos anos
aquele pequeno incidente de passagem tem exercido importante influência sobre
meus julgamentos. Antes de criticar uma pessoa, lembro-me daquela balança e
comparo seus pontos bons como os maus. E, felizmente, quase sempre há uma
vantagem compensadora, o que fortalece em muito a minha confiança no gênero
humano.
3 comentários:
oi minha amiga,
a vida é assim mesmo,
devemos tentar manter a balança equilibrada,em todos os setores...
beijinhos
Ótimo texto... bom seria todos se habituassem a pesar bem, antes de qualquer atitude.
Beijos,
Valéria
MARIA JOSÉ,
Quanto a balança que mede pesos humanos, conheço gente que tem VERDADEIRA OJERIZA quando se trata de pesar-se, né? Bjinhos. Roy Lacerda.
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