Cada rosto é um mistério a ser desvendado.
Ao recordar os dias de sua infância, suspirando, ela
ponderou: “Esta vida é um dia, um instante, um sopro.”
Ontem, brincávamos; amanhã, onde estaremos?
O tempo se encarrega de levar embora o que o
destino nos emprestou: a força, a agilidade, a saúde.
Com sorte, nos permite manter algo da poesia que na
alma levamos.
E acerca da poesia, o que sabemos?
Uma das maneiras de se compreender o poético é
defini-lo como uma quebra da experiência habitual, automatizada, da realidade.
Há beleza em tudo. Mas nem todos são capazes de
ver.
O suave sol da manhã, e todas as possibilidades que
cada novo amanhecer descortina.
O novo dia que nos convoca a sempre seguirmos
adiante, rumo ao melhor de nós mesmos. Acordar antes do Sol, ouvir o silêncio do
dia nascendo.
E naquela manhã, ao dirigir um olhar amoroso em
direção à sua tataraneta, como somente as tataravós sabem cultivar, ela
refletiu:.“Este mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de um dia ter que
partir...” “Por mais que me digam das delícias do céu, se tivesse escolha, aqui
ficaria. Contento-me com as delícias da terra...”
“Velar o
sono da minha tataraneta tão querida, cantar-lhe aos ouvidos canções de
ninar. Quão breve, quão bela a vida.”
O insondável mistério da fugacidade, da brevidade, da
finitude da existência terrena. Breves décadas que num sopro se desmancham, desaparecem.
Por sorte, dizem que algo do olhar das gerações que passam no olhar das
gerações que sucedem, permanece.
Um amor assim tão pungente não há de ser
inutilmente. “Recria tua vida sempre, sempre! Remove pedras e planta roseiras. E
faz doces.”
Um comentário:
Amiga, com certeza tem beleza em tudo,mas poucos devem ver, poucos devem sentir!!!
Beijos
Amara
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