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sábado, 30 de setembro de 2017

NÃO TEMAS


Se eu pudesse lhe dar um conselho lhe diria para aquietar o coração e sossegar a ansiedade que tem corroído seus pensamentos e tem alimentado de forma negativa os seus impulsos. Te diria para aproveitar melhor o silêncio e incentivaria que encontrasse tempo para ouvir seus medos e suas incertezas. 
Não se desespere quando tudo fugir ao alcance de suas mãos, vez ou outra a vida nos prepara para voos direcionados que nos resgatam e nos fazem crescer. 

Te ensinaria a perceber a beleza que existe por entre as esperas e valorizaria a importância da serenidade. 
Não adianta ter pressa, esbravejar contra a vida e colocar-se na parede. As coisas dependem de tempo para acontecer e florescem quando encontram o terreno preparado. 
Não adianta improvisar um gramado meia boca, se o cultivo não for intenso, nenhuma semente vingará. 
Não temas, nada é em vão e todos os atropelos cometidos resultarão em experiências bem vividas e páginas bem escritas. 

Não se pode ser feliz o tempo inteiro? 
Duvido! 
Há muitas alegrias escondidas diante das dificuldades, o que nos falta é sabedoria para enxergá-las.


quinta-feira, 28 de setembro de 2017

CALMA, É APENAS A SUA PRÓPRIA SOMBRA


Estou simplesmente afirmando um fato: é assim que o ego é construído, é assim que o ego está estruturado, é assim que ele é criado e é assim que pode ser abandonado!
E por ser falso, não será necessário nenhum esforço.
Se você perceber este ponto, o ego desaparecerá.
Um homem corre assustado, teme morrer, corre de sua própria sombra.
Você o faz parar e diz: Não seja tolo!
Não há ninguém o perseguindo - é a sua própria sombra.
Ninguém quer assassiná-lo. Não há mais ninguém aqui além de você.
Assustou-se com a sua própria sombra.
Mas quando você começa a correr, a sombra também corre - mais depressa ainda.
Quanto mais você corre, mais a sombra o persegue.
A mente lógica dirá que você está em perigo.
A mente lógica dirá: se quiser escapar, terá que correr ainda mais.
Mas tudo que você fizer a sombra também fará.
E, se não conseguir se livrar dela, ficará cada vez mais assustado.
Tudo isso que você está criando parte de você mesmo.
Mas se eu lhe disser: é só a sua sombra, ninguém o está perseguindo - e você compreender este ponto, olhará para a sombra e perceberá que está acontecendo.
Você perguntará - como abandoná-la? Pedirá técnicas, métodos e yogas para abandoná-la.
Simplesmente rirá.
Você já a abandonou! No momento em que vê que é só uma sombra, que não está sendo seguido, ela Já foi abandonada.
Não precisa perguntar como.
Você dá uma boa gargalhada, porque tudo era tão absurdo.
O mesmo acontece com o ego.
Se você puder ver a verdade do que digo a coisa já aconteceu.
Tudo aconteceu no próprio ato de perceber.
Não existe mais "como" fazer.


terça-feira, 26 de setembro de 2017

COMO TIRAR PROVEITO DOS INIMIGOS


Uma fábula indiana conta que há milhares de anos vivia em um templo abandonado uma cobra venenosa. Seu nome era Naga. Embora tivesse em geral um comportamento adequado, a cobra despertava terror nos habitantes da aldeia próxima porque - quando incomodada - atacava as pessoas.

Certo dia apareceu no local um sábio desconhecido. Sentou-se junto ao templo e chamou Naga para uma conversa. Disse-lhe que a vida inteira é uma escola espiritual e aprendemos o tempo todo, mesmo quando não temos consciência disso. “O aprendizado é muito mais rápido - e mais difícil - quando fazemos um esforço consciente por iniciativa própria”, acrescentou. 

A consciência de Naga se expandiu. O animal viu a luz da sabedoria, e disse que iria trilhar o caminho do esforço consciente. O instrutor mencionou então duas condições básicas para esse tipo de aprendizado.

“O primeiro passo é o autocontrole”, disse ele. “O processo sagrado começa à medida que o aprendiz deixa de obedecer aos instintos animais.” E acrescentou, antes de prosseguir viagem: “Ao mesmo tempo, há outra condição. É preciso ser fraterno e pacífico em relação a todos os seres.”

Impressionada pela força das palavras do mestre, a cobra Naga deixou de lado as preocupações mundanas. Praticou meditação, aproximou-se da sua alma imortal e experimentou a paz do universo infinito. Ela também tomou uma decisão: “De agora em diante, vou controlar os meus instintos e não morderei mais ninguém.”

A lei da evolução estabelece que todo conhecimento sagrado deve ser testado na prática, e o caso de Naga foi exemplar. Seu novo comportamento chamou atenção das crianças da aldeia. Por que motivo a cobra ficava o dia todo em jejum, recitando mantras e meditando sob o calor do sol? Quando chegaram à conclusão de que o animal não atacava, começaram os risos, o desprezo e as agressões com pauladas e pedradas. Naga  emagreceu.  Adoeceu. Sua pele começou a cair. Mas perseverava. 

Um ano depois, o animal está sem forças e à beira da morte quando o mestre desconhecido reaparece e senta-se para conversar. A cobra conta ao sábio o que aconteceu e fala da sua lealdade ao caminho espiritual.  Surpreso, o mestre explica que tamanha dor não era necessária: 

“Eu disse para você não atacar. Não disse que não ameaçasse morder. Não disse que não preparasse o bote. Não deixe de impor respeito. Não faça mal a ninguém, mas - quando necessário - defenda-se sem violência.”

E Naga sobreviveu e encontrou o equilíbrio.

Qual foi o erro da cobra? Ela idealizou o caminho da sabedoria de maneira ingênua e  ignorou o fato de que conflitos e contradições fazem parte da vida.

A cada momento temos de tomar decisões. E antes de cada decisão há uma certa luta entre diferentes tendências em nosso interior. As pessoas vivem conflitos psicológicos dentro de si, e é natural que haja discordâncias nas relações humanas e sociais. Contraste é vida, e vida é movimento. A uniformidade imobilista não é saudável. Quando as pessoas têm medo das discordâncias naturais, passam a reprimir as suas diferenças de opinião na esperança de  preservar a paz. Então a sinceridade é substituída pela cortesia. Gradualmente, a confiança mútua desaparece, abrindo espaço para a má vontade, os sentimentos hipócritas e a deslealdade. 
  
Por isso a sinceridade é sempre melhor que a harmonia forçada. Naturalmente é agradável estar rodeado de pessoas que concordam conosco em todos os aspectos.  Mas se fosse possível viver desse modo o tempo todo, nossa evolução correria grave risco de ser interrompida. Assim como as pedras dos rios ficam redondas após longos anos de atrito, também os seres humanos necessitam de suas dificuldades e  contradições para aperfeiçoar-se. 

Devemos evitar as desarmonias, quando possível, mas quando elas são inevitáveis o melhor a fazer é aprender com elas. Para o pensador grego Plutarco (46 E.C.- 120 E.C.), os inimigos são comparáveis às dificuldades naturais que a vida coloca diante de nós. Um velejador experiente não se desespera com o vento contrário, mas sabe usá-lo para avançar no rumo certo. Do mesmo modo devemos aproveitar as inimizades e outros desafios para aumentar nosso autoconhecimento.

“O fogo queima quem o toca, mas também fornece luz e calor e serve a uma infinidade de usos para aqueles que sabem utilizá-lo”, explica Plutarco. A situação é idêntica com os adversários ou invejosos: “O que é mais prejudicial na inimizade pode tornar-se o mais proveitoso”, diz ele. “É que teu inimigo, continuamente atento, espia tuas ações na expectativa da menor falha, e fica à espreita em torno da tua vida.”

Na tarefa de identificar nossos erros, os inimigos são mais úteis que os amigos. Os adversários aumentam o perigo e, com isso, não nos deixam adormecer na rotina. Para Plutarco, necessitamos amigos sinceros e inimigos ardentes: “uns nos afastam do mal por suas advertências, os outros, por sua censura.” Porém, os amigos geralmente evitam falar com franqueza. O amor pode ser cego em relação a aquilo que ele ama.  Mas o rancor consegue revelar as manias e os fracassos de qualquer um.

Quando o invejoso mente em suas críticas, podemos lembrar que, seja como for, nós ainda estamos longe da perfeição. É verdade que ele vê erros em nós que não existem: mas talvez haja erros em nós que ele não vê. Devemos aproveitar a oportunidade de uma crítica contra nós para exercer vigilância e aumentar nossa força interior.  A confiança no bem e a autoconfiança nos darão tranquilidade para observar os erros do ponto de vista do nosso potencial divino. E, sobretudo, para valorizar nossos acertos.


sexta-feira, 22 de setembro de 2017

O TOQUE


Em tudo o que você toca,  deixa vestígios daquilo que é. 
Aliás, o fato de, a partir das impressões digitais, se poder descobrir a identidade de uma pessoa, mas também de, no mundo inteiro, não se encontrarem duas impressões digitais idênticas, mostra bem que uma mão exprime o caráter único de um ser. 
Tudo o que passa pelas nossas mãos impregna-se com os nossos fluidos, as nossas emanações, e transmite algo da quintessência do nosso ser. Por isso, quando oferecemos um presente a alguém, com esse objeto também lhe transmitimos algo de nós. 

Quem leva uma vida desordenada impregna de ondas negativas o objeto que oferece. Mesmo que esse objeto seja magnífico e de preço elevado, quem o recebe não retirará dele qualquer benefício. 
Por isso, você será sempre mais importante do que o objeto que ofereceu, tenha consciência disso.