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quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

A SERENIDADE DE UM BUDA



Contam as lendas orientais que Buda estava passando por uma aldeia quando algumas pessoas começaram a insultá-lo. Eles usaram todo tipo de insulto que puderam, todos os palavrões que sabiam. Buda ficou ali, ouvindo tudo em silêncio, com muita atenção, e então disse:
- Obrigado por me procurarem mas estou com pressa. Tenho que chegar à próxima aldeia, onde há pessoas me esperando. Não posso dedicar mais tempo a vocês hoje, mas amanhã voltarei e terei mais tempo. Amanhã, se quiserem me dizer mais alguma coisa que não puderam dizer hoje, poderão me dizer. Mas hoje, terão que me desculpar.
Aquelas pessoas mal podiam acreditar no que viam e ouviam. Ele continuava absolutamente impassível, imperturbável.
Uma delas perguntou:
- Você não nos ouviu? Estamos tratando você da pior maneira possível e você nem sequer reage!
Buda disse:
- Se queriam uma resposta, chegaram tarde demais. Deveriam ter vindo há dez anos atrás, quando eu responderia a vocês. Mas nesses últimos dez anos eu deixei de ser manipulado pelos outros. Não sou mais um escravo, sou senhor dos meus atos. Ajo de acordo comigo mesmo, de acordo com minha necessidade interior, e não de acordo com ninguém. Vocês não podem me forçar a nada. Não há problema nenhum, vocês queriam me maltratar, me maltrataram. Fiquem satisfeitos, cumpriram bem sua tarefa. Mas como não levei em conta seus insultos, agora eles não significam nada. Alguém pode jogar uma tocha acesa num rio, ela continuará queimando até tocar a água, quando então o fogo se extinguirá. Eu me tornei um rio. Você cospe insultos em mim, eles são como fogo, mas no momento em que atinge minha serenidade, ele se extinguirá. Você atira espinhos, mas ao cair no meu silêncio, eles se tornam flores. Isto é agir de acordo com minha própria natureza intrínseca.

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