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domingo, 6 de dezembro de 2015

INSUBSTITUÍVEL (II)



Na sala de reunião de uma multinacional o diretor nervoso fala com sua equipe de gestores. Agita as mãos, mostra gráficos e, olhando nos olhos de cada uma ameaça! “Ninguém é insubstituível”.
A frase parece ecoar nas paredes da sala de reunião em meio ao silêncio. Os gestores se entreolham, alguns abaixam a cabeça. Ninguém ousa falar nada.
D repente um braço se levanta e o diretor se prepara para triturar o atrevido: - Alguma pergunta?
Tenho sim. - E Beethoven?
Como? – o encara o diretor confuso.
O senhor disse que ninguém é insubstituível e quem substituiu Beethoven?
Silêncio...
E o funcionário fala então: - Ouvi essa estória esses dias, contada por um profissional que conheço e achei muito pertinente falar sobre isso. Afinal, as empresas falam em descobrir talentos, reter talentos, mas, no fundo continuam achando que os profissionais são peças dentro da organização e que, quando sai um, é só encontrar outro para por no lugar.
Quem substituiu Beethoven? Tom Jobim? Ayrton Senna? Gandhi? Frank Sinatra? Garrincha? Santos Dumont? Monteiro Lobato? Elvis Presley? Os Beatles? Jorge Amado? Pelé? Paul Newman? Tiger Woods? Albert Einstein? Picasso? Etc...
Todos esses talentos marcaram a história fazendo o que gostam e o que sabem fazer bem, ou seja, fizeram o seu talento brilhar. E portanto, são sim insubstituíveis.
Cada ser humano tem sua contribuição a dar e seu talento direcionado para alguma coisa. Está na hora dos líderes das organizações reverem seus conceitos e começarem a pensar em como desenvolver o talento de sua equipe focando no brilho de seus pontos fortes e não utilizando energia em reparar seus “erros/deficiências”.
Ninguém lembra e nem quer saber se Beethoven era surdo, se Picasso era instável e Caummi preguiçoso, Kennedy egocêntrico, Elvis paranoico... O que queremos é sentir o prazer produzido pelas sinfonias, obras de arte, discursos memoráveis e melodias inesquecíveis, resultado de seus talentos.
Cabe aos líderes de sua organização mudar o olhar sobre a equipe e voltar seus esforços em descobrir os pontos fortes de cada membro. Fazer brilhar o talento de cada um em prol do sucesso de seu projeto.
Se seu gerente/coordenador, ainda está focado em “melhorar as fraquezas” de sua equipe, corre o risco de ser aquele tipo de líder/técnico que barraria Garrincha por ter pernas tortas, Alberto Einstein por ter notas baixas na escola, Beethoven por ser surdo. E na gestão dele o mundo teria perdido todos esses talentos.
Seguindo este raciocínio, caso pudessem mudar o curso natural, os rios seriam retos, não haveria montanha, nem lagoas nem cavernas, nem homens, nem mulheres, nem sexo, nem chefes nem subordinados... Apenas peças.
Nunca me esqueço de quando o Zacarias dos Trapalhões “foi pra outras moradas”. Ao iniciar o programa seguinte, o Dedé entrou em cena e falou mais ou menos assim: “Estamos todos muito tristes com a ‘partida’ de nosso irmão Zacarias... E, hoje, para substituí-lo chamamos: ... Ninguém... Pois nosso Zaca é insubstituível.”
Portanto nunca esqueça: Você é um talento único... Com toda a certeza ninguém te substituirá!
“Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo... mas posso faze alguma coisa. Por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso.”

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