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quarta-feira, 21 de outubro de 2015

NA BERLINDA, O CORAÇÃO



Há momentos em que tudo o que a gente precisa é dar colo para o próprio coração. Aconchegá-lo no nosso olhar de escuta. Deixar que perceba que naquele instante todas as outras coisas podem nos esperar um pouco; ele, não. Ele é o nosso rei e o nosso reino. O papel para desenho e a caixa de lápis de cor. A música e a orquestra. Nossa bússola e nosso mar. A flor, o pólen, a borboleta, ao mesmo tempo. A colmeia e o mel. O centro, onde tudo principia e para o qual tudo converge. Ele não pode esperar.
O coração da gente gosta de atenção. De cuidados cotidianos. De mimos repentinos. De ser alimentado com iguarias finas, como a beleza, o riso, o afeto. Gosta quando espalhamos os seus brinquedos no chão e sentamos com ele para brincar. E há momentos em que tudo o que ele precisa é que preparemos banhos de imersão na quietude para lavarmos, uma a uma, as partes que lhe doem. É que o levemos para revisitar, na memória, instantes ensolarados de amor capazes de ajudá-lo a mudar a frequência do sentimento. Há momentos em que tudo o que precisa é que reservemos algum tempo a sós com ele para desapertá-lo com toda delicadeza possível.
Coração gosta de espaço.

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