Quem é seu melhor amigo(a)? Deixe ver se adivinho:
estuda na mesma escola ou cursinho, tem a mesma idade (talvez um ano a mais ou
a menos), frequenta o mesmo clube ou a mesma praia.
Se errei, foi por pouco. Não é vidência: minha
melhor amiga também foi minha colega tanto na escola quanto na faculdade e
nascemos no mesmo ano. São amizades extremamente salutares, pois podemos
dividir com eles angústias e alegrias próprias do momento que se está vivendo.
Mas fique esperto. Fechar a porta para pessoas diferentes de você é sinal de
inteligência precária.
Durante a adolescência, é vital repartir nossas
experiências com pessoas que pensem como nós e que tenham o mesmo pique: é
importante sentir-se incluído num grupo, de pertencer a uma turma. Perde-se, no
entanto, o convívio com pessoas de outras idades e de outros
"planetas", que muito poderiam lapidar a nossa visão de mundo.
Entre iguais, tudo é igual. A vida ganha movimento
é na diferença. Se você é rato de biblioteca, iria se divertir ouvindo as
histórias contadas por um alpinista experiente.
Se você tem muita grana, ficaria surpreso em saber
como dá duro o cara que trabalha de dia para poder estudar à noite e o quanto
ele precisa economizar para tomar dois chopes no sábado. Se você curte música,
seria bacana conversar com quem curte teatro.
Se você é derrotista, seria uma boa bater um papo
com quem já sofreu de verdade.
Você, que se acha uma velha aos 27 anos, iria se
divertir muito com os relatos de uma cinquentona irada. E você, beirando os 60,
se surpreenderia com a maturidade de um garoto de 18.
Para os de meia-idade, nada melhor do que ter
amigos nos dois extremos: da garotada que lhe arrasta para dançar até aqueles
que estão numa marcha mais lenta, que já viveram de tudo e de tudo podem falar.
A cabeça da gente comporta rafting e música lírica,
videoclipes e dança flamenca, ficar com alguém por uma noite e ficar para
sempre.
É importante cultivar afinidades, mas as
desafinações ensinam bastante. No mínimo, nos fazem dar boas risadas.
Vale amizade com executivo e com office-boy, com
solteiros e casados, meninas e mulheraços, gente que torce para outro time e
vota em outro partido.
Vale sempre que houver troca. Vale inclusive pai e
mãe.
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