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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

CORAGEM EM SE RENOVAR PARA NÃO PERDER O HORIZONTE DO FUTURO



Há mais de 15 anos, publiquei um artigo com o título “Rejuvenescer como águias”. Relendo agora aquelas reflexões, me dei conta de como elas são atuais e adequadas aos tempos maus sob os quais vivemos e sofremos. Retomo-as e aprofundo-as para alimentar nossa esperança, enfraquecida pelas ameaças que pesam sobre a Terra e a humanidade. Se não nos agarrarmos a alguma esperança, perderemos o horizonte do futuro e correremos o risco de nos entregarmos ao desamparo imobilizador ou à resignação estéril. Lembrei-me de um mito da antiga cultura mediterrânea sobre o rejuvenescimento das águias. De tempos em tempos, reza o mito, a águia se renova totalmente. Ela voa cada vez mais alto até chegar perto do sol. Então, as penas se incendeiam, e ela toda começa a arder. Quando chega a esse ponto, ela se precipita do céu, se lança qual flecha nas águas frias do lago, e o fogo se apaga. A velha águia volta a ter penas novas, garras afiadas, olhos penetrantes e o vigor da juventude. Esse mito constitui o substrato cultural do salmo 103, que diz: “O Senhor faz com que minha juventude se renove como uma águia”.
Para entender esse relato, precisamos revisitar Gaston Bachelard e C. G. Jung, que entendiam muito de mitos e de seu sentido existencial. Segundo sua interpretação, fogo e água são opostos, mas, quando unidos, se fazem poderosos símbolos de transformação. O fogo simboliza o céu, a consciência e as dimensões masculinas. A água, ao contrário, a terra, o inconsciente e as dimensões femininas.

Passar pelo fogo e pela água significa, portanto, integrar em si os opostos e crescer na identidade pessoal. Ninguém, ao passar pelo fogo ou pela água, permanece intocado.

A água nos faz pensar também nas grandes enchentes. Com sua força, tudo carregam, especialmente o que não tem consistência e solidez. São os infortúnios da vida.

E o fogo nos faz imaginar as fornalhas que queimam e acrisolam tudo o que é ganga e não é essencial. São as notórias crises existenciais. Quem recebe o batismo de fogo e o de água rejuvenesce como a águia.

O VELHO E O NOVO

Isso significa entregar à morte todo o velho que existe em nós para que o novo possa irromper e fazer o seu curso. O velho em nós são os hábitos e as atitudes que não nos engrandecem. Em outras palavras, significa morrer e ressuscitar.

Rejuvenescer como águia significa, também, desprender-se de coisas que um dia foram boas e de ideias que foram luminosas, mas que, lentamente, se tornaram ultrapassadas e incapazes de inspirar um caminho para o futuro. A crise atual perdura e se aprofunda porque os que controlam o poder têm conceitos velhos, incapazes de oferecer respostas. Rejuvenescer como águia significa ter coragem para recomeçar e estar sempre aberto a escutar, a aprender e a revisar. Não é isso a que nos propomos a cada novo ano?

Que o ano de 2013, recém-inaugurado, seja oportunidade de perguntar o quanto de galinha existe em nós e que não quer outra coisa senão ciscar o chão, e o quanto de águia há, também, em nós disposta a rejuvenescer ao confrontar-se valentemente com os tropeços e as crises da vida e buscar um novo paradigma de convivência.

E não podemos esquecer aquela Energia poderosa e amorosa que sempre nos acompanha e que move o inteiro universo. Ela nos habita, nos anima e confere permanente sentido de lutar e de viver. Seu nome é Spiritus Creator, que nunca nos pode faltar, senão, perdemos a vitalidade e a esperança.




Fonte: Blog MomentoBrasil.

3 comentários:

  1. Maria José,

    Não sei se voce le seus comentarios, mas deixei um e espero até agora a sua resposta como pessoa e psicológa.

    sonia.

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  2. oi minha amiga,

    adorei esse trecho:

    Passar pelo fogo e pela água significa, portanto, integrar em si os opostos e crescer na identidade pessoal. Ninguém, ao passar pelo fogo ou pela água, permanece intocado.

    perfeito!!!

    beijinhos

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  3. Maria Jose,

    Até que enfim aparece uma matéria do Momento Brasil substituindo textos enviados pelo Roy, guria. Abraço dO INDIGNADO.

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