Outro dia, tive o privilégio de fazer algo que adoro: fui almoçar com um amigo, hoje chegando perto de seus 70 anos. Gosto disso. São raras as chances que temos de escutar suas histórias e absorver um pouco de sabedoria das pessoas que já passaram por grandes experiências nesta vida.
Depois de um almoço longo, no qual falamos bem pouco de negócios, mas muito sobre a vida, ele me perguntou sobre os meus negócios. Contei o que estava fazendo e, meio sem querer, disse a ele:
-"Pois é. Empresário, hoje, tem de matar um leão por dia".
Sua resposta, rápida e afiada, foi:
-"Não mate seu leão. Você deveria mesmo era cuidar dele".
Fiquei surpreso com a resposta e ele provavelmente deve ter notado minha surpresa, pois me disse:
- "Deixe-me lhe contar uma história que quero compartilhar com você".
Segue, mais ou menos, o que consegui lembrar da conversa:
Existe um ditado popular antigo que diz que temos de "matar um leão por dia". E por muitos anos, eu acreditei nisso, e acordava todos os dias querendo encontrar o tal leão.
A vida foi passando e muitas vezes me vi repetindo essa frase.
Quando cheguei aos 50 anos, meus negócios já tinham crescido, trabalhava um pouco menos, mas sempre me lembrava do tal leão.
Afinal, quem não se preocupa quando tem de matar um deles por dia?
Pois bem. Cheguei aos meus 60 e decidi que era hora de meus filhos começarem a tocar a firma.
Mas qual não foi minha surpresa ao ver que nenhum dos três estava preparado!
A cada desafio que enfrentavam, parecia que iam desmoronar emocionalmente. Para minha tristeza, tive de voltar à frente dos negócios, até conseguir contratar alguém, que hoje é nosso diretor-geral.
Este "fracasso" me fez pensar muito. O que fiz de errado no meu plano de sucessão?
Hoje, do alto dos meus quase 70 anos, eu tenho uma suspeita: a culpa foi do leão.
Novamente, eu fiz cara de surpreso. O que o leão tinha a ver com a história?
Ele, olhando para o horizonte, como que tentando buscar um passado distante, me disse:
- É. Pode ser que a culpa não seja cem por cento do leão, mas fica mais fácil justificar dessa forma. Porque, desde quando meus filhos eram pequenos, dei tudo para eles.
Uma educação excelente, oportunidade de morar no exterior, estágio em grandes empresas de amigos. Mas, ao dar tudo a eles, esqueci de dar um leão para cada um, que é o mais importante.
Meu jovem, aprendi que somos o resultado de nossos desafios. Só com grandes desafios nos tornamos enormes. Com pequenos desafios, nos tornamos mínimos.
Aprendi que, quanto mais bravo o leão, mais gratos temos de ser. Por isso, aprendi a não só respeitar o leão, mas a admirá-lo e a gostar dele.
A metáfora é importante, mas errônea: não devemos matar um leão por dia, mas sim cuidar do nosso.
Porque o dia que o leão, em nossas vidas, morre, também começamos a morrer com ele.
Depois daquele dia, decidi aprender a gostar mais do meu leão.
E o que eram desafios, se tornaram oportunidades para crescer, me fizeram mais forte, e ensinaram a "me virar" na selva em que vivemos.
Lembre-se: a capacidade de luta que há em você precisa da adversidade para revelar-se!
Recebido de Jorge do blog Nectan Reflexões e foi aqui postado, por ser pertinente à proposta do Arca.
Texto elucidativo, amiga Maria. Realmente, é difícil crescer tendo as facilidades à mão. O ser humano cresce à medida que atravessa o caminho das pedras. Um abraço. Tenhas uma boa noite.
ResponderExcluirMaravilhoso texto.Muito interessante!beijos,chica
ResponderExcluir