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domingo, 7 de agosto de 2011

VENDE-SE TUDO



No mural do colégio da minha filha encontrei um cartaz escrito por uma mãe, avisando que estava vendendo tudo o que ela tinha em casa, pois a família voltaria a morar nos Estados Unidos.
O cartaz dava o endereço do bazar e o horário de atendimento.
Uma outra mãe, ao meu lado, comentou: - Que coisa triste ter que vender tudo que se tem. Ai que pena!!
- Não é não, respondi, já passei por isso e é uma lição de vida.
Morei uma época no Chile e, na hora de voltar ao Brasil, trouxe comigo apenas umas poucas gravuras, uns livros e uns tapetes. O resto vendi tudo, e por tudo entenda-se: fogão, camas, louça, liquidificador, sala de jantar, aparelho de som, tudo o que compõe uma casa.
Como eu não conhecia muita gente na cidade, meu marido anunciou o bazar no seu local de trabalho e esperamos sentados que alguém aparecesse. Sentados no chão. O sofá foi o primeiro que se foi.
Às vezes o interfone tocava às 11 da noite e era alguém que tinha ouvido comentar que ali estava se vendendo uma estante.
Eu convidava pra subir e em dez minutos negociávamos um belo desconto.
Além disso, eu sempre dava um abridor de vinho ou um saleiro de brinde, e lá se iam meus móveis e minhas bugigangas.
Um troço maluco: estranhos entravam na minha casa e desfalcavam o meu lar, que a cada dia ficava mais nu, mais sem alma.
No penúltimo dia, ficamos só com o colchão no chão, a geladeira e a tevê.
No último, só com o colchão, que o zelador comprou e, compreensivo, topou esperar a gente ir embora antes de buscar. Ganhou de brinde os travesseiros.
Guardo esses últimos dias no Chile como o momento da minha vida em que aprendi a irrelevância de quase tudo o que é material.
Nunca mais me apeguei a nada que não tivesse valor afetivo.
Deixei de lado o zelo excessivo por coisas que foram feitas apenas para se usar, e não para se amar.
Hoje me desfaço com facilidade de objetos, enquanto que torna-se cada vez mais difícil me afastar de pessoas que são ou foram importantes, não importa o tempo que estiveram presentes na minha vida.
Desejo para essa mulher que está vendendo suas coisas para voltar aos Estados Unidos a mesma emoção que tive na minha última noite no Chile. Dormimos no mesmo colchão, eu, meu marido e minha filha, que na época tinha 2 anos de idade. As roupas já estavam guardadas nas malas. Fazia muito frio.
Ao acordarmos, uma vizinha simpática nos ofereceu o café da manhã, já que não tínhamos nem uma xícara em casa.
Fomos embora carregando apenas o que havíamos vivido, levando as emoções todas: nenhuma recordação foi vendida ou entregue como brinde. Não pagamos excesso de bagagem e chegamos aqui com outro tipo de leveza.
Só possuímos na vida o que dela pudermos levar ao partir
É melhor refletir e começar a trabalhar o DESAPEGO JÁ !

15 comentários:

  1. Com certeza não devemos nos apegar em coisas que simplesmente são materiais e que na verdade não nos dizem absolutamente nada. Tudo o que devemos guardar são os sentimentos e momentos vividos.. que esses sim levaremos sempre conosco e serão os responsáveis por aquilo que vivemos.

    Um beijo imenso em seu coração Maria José e um belíssimo início de semana para você!

    Verinha

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  2. Olá Maria Jose,

    Desapegar-se de bens materiais por necessidade sim, é importante, mas nos tempos atuais é preciso cuidar bem do que temos, porque estamos com o salario tão defasado que não é fácil repor tudo.

    beijos.

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  3. oi minha amiga,

    passei por isso também,
    as primeiras peças pareciam muito difíceis,
    mas da terceira em diante,
    me acostumei,
    dormimos eu e meu marido durante 15 dias num colchão de solteiro,
    cobertos com uma manta que minha mãe havia emprestado,
    e estamos aqui,
    firmes e fortes,
    as coisas vem e vão,
    e a gente fica,sempre...
    e é o que importa!

    beijinhos

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  4. EU NÃO TENHO APEGO COM NADA MATERIAL SE TENHO HOJE E AMANHÃ PERDER, NADA ME FAZ FALTA!
    O RECOMEÇO É SEMPRE UM BOM APRENDIZADO!
    BEIJO
    BOA SEMANA!

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  5. Lindíssima crônica, MJ. A parte do sofá e do brinde dos travesseiros achei demais! Cheguei a rir.

    De fato, MJ, você está certa: o apego às coisas usáveis é muito triste. Todos já vimos pessoas escravas das coisas, da "lambeção" na casa, do "arrumamento"... Elas sofrem mais do que imaginamos.

    Graças ao Creador foi-me concedida uma natureza desapegada. Sofro por outras coisas, o que pode ser natural, mas com apego nunca sofri; nem quando roubaram meu violão de estimação de dentro de minha casa, em pleno dia... Vinte dias depois um delegado avisou-me que houvera encontrado meu Di Giorgio 72. Deus sabia o que ele representava para mim, por isso voltou.

    abs, e parabéns mais uma vez pela crônica tão envolvente.

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  6. Maria querida, nossa ao ler esse texto me lembrei imediatamente da minha avó que sempre me ensinou isso; quando desencarnamos não levamos nada daqui, apenas as emoções, as pessoas que tocaram e moram em nosso coração. E isto é o que ao estarmos aqui nesse plano deveria bastar a todos, mas infelizmente não é o que acontece em muitoooos casos. E no fim "vende-se tudo" menos o que está marcadinho em nossa alma :)

    que sua semana seja supimpa de feliz, te gosto muito!!! bjokitas com master carinho meu.

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  7. Olá Maria José
    seu post me fez recordar da minha adolescência. Tinhamos tudo, tudo. Dinheiro, casa, belas roupas, comida a vontade, "amigos", e de repente, tivemos que nos desfazer de tudo. Foi dificil. Mas acredite, o mais dificil foi perceber que nem amigos tínhamos. Como você disse: os bens materiais fazem falta mas não são importantes... mas os amigos, as pessoas que fazem ou fizeram parte de nossa vida fica dificil a gente se afastar.
    Bjus querida e uma semana cheia de amigos verdadeiros.

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  8. Maria José, saudades de tu!
    Eu sou ainda um pouco apegada a coisas materiais, mas com certeza, não é bom sermos assim, pois só devermos apegarmos à coisas do espírito....pois são coisas que nunca se acabam.

    Beijos...querida amiga.

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  9. ....................
    Fomos embora carregando apenas o que havíamos vivido, levando as emoções todas: nenhuma recordação foi vendida ou entregue como brinde. Não pagamos excesso de bagagem e chegamos aqui com outro tipo de leveza.
    Só possuímos na vida o que dela pudermos levar ao partir.
    ....................

    Que coisa mais linda o que tu escrevestes!!!!
    Beijos...

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  10. Oi Maria,Dá nos exemplo que tudo que é material se desfaz, e o que realmente vale são os valores espirituaes que levamos conosco! È importante que vivamos apenas com o necessário, sem apego..Bjos com carinho!!

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  11. Maria José querida,

    Importantíssima mensagem, pois neste mundo aonde o materialismo está reinando, o que falta para o ser humano é se desapegar de bens materiais.
    Não é fácil, pois em cima de algo material, jogamos todas as espectativas de nossas conquistas e vitórias, mas....quando você expande sua consciência, percebe que isto é pura ilusão.
    Apesar que também existe um outro tipo de apego....o apego emocional, que também é muito prejudicial para ambas as partes.

    Tenha uma semana muito abençoada querida.
    Um grande beijo em seu coração!!!

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  12. Adorei a forma como descreveu a experiência, e é verdade quando vendemos ou doamos nossas coisas para uma mudança de vida, deve-se fazer com alegria, que o que foi nosso dê para o seu novo dono muita alegria, quando aprendemos a nos desapegar sofremos menos em qualquer situação, beijos Luconi

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  13. que lindo..acho que estou vivendo um momento de muito desapego material e apego ao q realmente importa!!!
    Lindo texto pra começar bem a semana!


    Bjuss

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  14. Maria José
    Aprendi que só é nosso o que podemos carregar conosco.
    Trabalhar o desapego é algo de muito sofrimento para alguns, pois fica a ilusão de que naquele objeto estão as lembranças, qdo elas estão mesmo é na nossa mente, no nosso coração.. e vão onde quer que a gente vá.

    Beijinho e ótima semana.

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