O teatro já estava quase todo às escuras, com as últimas luzes se apagando lentamente, restando apenas uma difusa claridade no palco, onde os músicos terminavam de guardar seus instrumentos. Era o final de mais um concerto.
O violino, ao ser guardado na caixa com cuidado e atenção, começou a meditar, um pouco irritado: "Pronto! Lá vou eu outra vez! Como todos os dias, de cima pra baixo, fechado na maletinha, balançando pelas ruas e, o pior, ouvindo os horrendos sons da cidade. Uma verdadeira tragédia para minha sensibilidade, fora a poeira e as sacudidelas que, combinadas, desestabilizam minhas sensíveis cordas. Ah! Por que fui feito tão pequeno e leve? Por que não sou o piano? Sim, o piano, tão imponente, tão importante, tão lindo na sua imensidão negra e brilhante. E quando ele sai, então? Vem um carro especial, só para ele, tão fechado que ele não precisa ouvir os sons da rua. Pessoas o cercam e ficam olhando seu embarque com admiração. Ah! Como eu queria ser o piano!"Na escuridão do teatro, agora já vazio, o piano também deplora sua situação, e reflete com tristeza: "Por que me fizeram tão imenso e pesado? Por que não sou leve como o violino que, colocado na sua maletinha, vai e vem, todos os dias, podendo sair daqui e ouvir os inspiradores sons do mundo? Eu fico sempre aqui parado e não ouço nada, além do burburinho do ambiente. Quando, enfim, saio, as pessoas param em torno de mim e ficam me observando enquanto sou colocado e bem amarrado num carro especial, tão fechado que não capto um som de fora. Ah! Como eu queria ser o pequeno violino!"
Assim, ambos continuaram noite adentro, com seus sofridos pensamentos, sem se dar conta de que seu verdadeiro papel é a interação, é o tocar juntos para fazer a harmonia no todo, pois o importante é a harmonia, a beleza dos sons combinados, sendo o conjunto, construído como é, que determina a beleza do resultado.
Da mesma forma, muitas vezes o ser humano deseja ser diferente do que é, e fica infeliz com sua situação, sem conseguir definir um papel na vida, distanciando-se da boa convivência com os demais, deixando de interagir e se cobrando à procura de uma forma diferente de ser. Ele sofre pelos rumos que sua vida toma, sem perceber seu valor e sua importância na corrente da vida, para onde se vem com um rumo certo a ser tomado.
Pois é uma perda de tempo e de vida desejar ser o que não se é, melhor aprimorar o que se é do que perder tempo tentando ser outro.
ResponderExcluirBom domingo amiga
beijos
O violino não tinha nada que querer ser o piano, grande, pesadão e monotono. Olha só a figura do violino: elegante, tocado junto ao coração, num lugar privilejiado... estou como a Ângela..cada um deve gostar do que é e melhorar cada vez mais.
ResponderExcluirUm beijo e um bom domingo
Graça
Nossa, essa arrasou,em todos os sentidos, ser feliz com o que temos e principalmente é o que somos, uma bela lição como sempre, beijos e otimo domingo.
ResponderExcluirAceitarmos a nós mesmos é meio caminho andado rumo à felicidade!
ResponderExcluirBjkas!
Olá Maria José, não sei como vim parar aqui, mas cheguei a um bom lugar. Parabéns pelo blog e pelos textos cheios de significado. Voltarei! Abraço forte.
ResponderExcluirA melhor alegria da vida é saber que nunca estamos sós, que a cada momento renascemos para a vida e em cada renascer brota alegria de saber existem pessoas como você.
ResponderExcluirObrigada pelo seu carinho.
Feliz Domingo.
beijooo.
Vai chegar certamente um dia em que o violino aprende a olhar para dentro para o seu interior. E aí ele vai descobrir o som maravilhoso que ele produz, inagualavel. E mais á frente ele vai descobrir que não existe um violino com o mesmo som. Ele descobre que é unico, vibrante, sensivel. Que o seu cantar toca até as estrelas e aí sim, ele não pensa mais no piano do jeito que pensava.
ResponderExcluirMaria José,
ResponderExcluirAssim somos nós, centrados nos nossos problemas, olhando pelo lado negativo as situações e não percebemos que fazemos parte da harmonia do Universo.
Minha amiga,
desejo-te uma ótima semana de muita harmonia e muita alegria!!
com carinho,
Jorge
M.J. a ganancia humana de ter e querer ser mais do que é,leva normalmente ao desatino. A competição bestial entre pessoas,onde cada uma quer mostrar supremacia, torna-nos animais irracioanis, nos cegando qto ao valor individual. Lembra-te:'vê o argueiro no olho do teu proximo,mas recusa-se a retirar a trave do teu".Abraços.
ResponderExcluirAlô amiga querida,tudo bem?
ResponderExcluirEstive de molho uns dias....como você deve saber. Estou me recuperando e tentando por em dia as visitas atrasadas, o carinho dos amigos.
Aqui está a velha história de pensar que o outro é sempre melhor que nós,-cadê a auto estima? Nós somos luz, temos um potencial imenso dentro de nós, que se chama Deus, uma grandeza de inteligência, mas, os nossos olhos teimam em nos enganar nao é Mara?
Jesus disse: Vós sois deuses. Tudo o que eu faço vós podeis fazer e muito mais ainda...Fazei brilhar a vossa luz!
Uma linda semana de luz e amor para você!
Beijos
Civilização é, antes de mais nada, vontade de convivência ...
ResponderExcluirBeijos.
BOA TARDE LINDA!! SEU BLOG ESTA CADA DIA MELHOR....BJS
ResponderExcluirHola Maria José,
ResponderExcluirNunca dejas de sorprenderme.
Muy buen relato el tuyo.
Besos.
Fer.
Belíssimo!
ResponderExcluirSimples como ser...
Xeros!
Olá querida amiga
ResponderExcluirTodos somos importantes, precisamos só perceber.
Com muito carinho BJS.
Lindo e profundo o texto. É bem por aí,somos eternos insatisfeitos,não nos aceitamos e portanto não mudamos.Todo mundo é importante, tem seu dom e sua missão a cumprir e é preciso interagir no todo e ser grato ,agradecer todos os dias a oportunidade de darmos nossa contribuição e com ela aprendermos a ser melhores a cada dia, principalmente na humildade. Amei! Montão de bjs e abraços
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