Páginas

quinta-feira, 4 de junho de 2009

AS FLORES QUE NÃO PLANTEI


Venho, Senhor, ao teu jardim para reaprender a plantar. Um dia me ensinaste que todas as boas sementes germinam e me deste a terra do meu coração para bom plantio, recomendando-me atenção para o livre arbítrio.
Não tive generosidade suficiente para com meu semelhante e hoje, quando necessito da generosidade de outrem, dificilmente eu a encontro.
Não tenho colhido a flor da generosidade porque não a plantei.
Não dei à natureza todo o respeito que ela, como obra tua, merecia ter recebido de mim. Fui negligente. Agora, o ar que eu respiro não é tão puro quanto deveria ser para que minha saúde não fosse tão ameaçada.
Não tenho colhido a flor da perfeita saúde porque não a plantei.
Disseste-me que a felicidade sempre estaria em minha vida se eu me lembrasse de levar felicidade aqueles que choravam e que não tinham um ombro onde se debruçar.
Não tenho colhido a flor da felicidade plena porque não a plantei.
Não levei a sério quando me revelaste que o preconceito era uma erva daninha que, pouco a pouco mataria o meu jardim.
Não olhei sem julgamento para os diferentes de mim, não observei todos os seres e tudo o mais que criaste sem sentir-me maior e melhor do que eles.
Não tenho colhido a flor do amor incondicional porque não a plantei.
Agora venho ao teu jardim buscando ter uma e, talvez a última chance de reencontrar as sementes que desejaste ver germinadas em meu coração.
Não sei se vês em minha visita algum sinal de humildade.
Já muito agi com orgulho e não tenho colhido a flor da humildade porque não a plantei.
Aceita esta minha vinda e dá-me o perdão, o mesmo perdão que a tantos e tantos eu neguei. Achas que ainda mereço a tua bênção?
Se não me deres o que peço, eu compreenderei. Não tenho colhido a flor do merecimento porque não a plantei.
Acolherei a tua decisão, seja ela qual for, e se não for aquela que espero eu entenderei. Não tenho colhido a flor do perdão porque não a plantei.

Nenhum comentário:

Postar um comentário