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sábado, 28 de setembro de 2013

O PERIGO DAS APARÊNCIAS



Colhemos uma flor pelo encanto que nos provoca, mais raramente pelo seu perfume. É o prazer dos olhos, mais do que o da alma. E é, frequentemente, quando queremos mergulhar mais fundo que podemos encontrar o inesperado, e aí nos decepcionamos, porque criamos uma ilusão pela imagem, sem pensar na essência.
Quem nunca viu algo que parecia delicioso e se decepcionou ao provar? Ou, ao contrário, levou muito tempo para experimentar uma coisa e depois descobriu que era muito bom?
Julgamos, apressadamente, as coisas e pessoas pelas aparências e nos perdemos em superficialidades, exatamente como a maioria da raça humana; afinal, fazemos parte dela. Não, todo mundo não é assim, e se fosse, teríamos que dizer a essas pessoas para provarem antes de colocarem etiquetas, que dessem oportunidades e chances, ao menos atraente, de mostrar o que ele tem para oferecer.
As camélias são tão lindas quanto as rosas, mas elas não possuem nenhum odor, como se fossem vazias de si. Inversamente, há as flores de lavanda, minúsculas, de simplicidade ímpar e cujo odor, além de útil, poderia se fixar na alma eternamente.
Pessoas e coisas são assim, ora belas, ora simples, ora grandes, ora vazias. Mas, se não nos abrimos para descobri-las, nunca poderemos saber.
Jesus nos alertou para o perigo do julgamento precipitado quando falou nas sepulturas belas e caiadas. Ele nasceu de forma simples, viveu como andarilho e morreu entre ladrões. Salvou, portanto, todos aqueles que veem na cruz mais do que dois pedaços de madeira cruzados.
Mas não aprendemos nossas lições. Não queremos aprender, não queremos ser flexíveis e preferimos pensar que a felicidade mora numa casa grande e bonita, mesmo se não entramos nela; nos importamos pouco com as histórias que contam as paredes ou cicatrizes. E a vida é bem mais do que isso.
Abrir-se ao mundo é ver além das aparências, é fechar os olhos e abrir os do coração, é sentir com as mãos e perceber que cada objeto tem seu interior, cada pessoa tem seu valor e que temos muito, muito ainda para aprender com a vida.

Um comentário:

Penélope disse...

Letícia sempre nos traz textos deliciosos de ler, com uma linguagem poética que nos encanta pela suavidade e a sabedoria. Um beijinho, Maria José.
No outro blog eu não consigo mais comentar!!!